- Nesta água de alta concentração de sais, dificilmente poderíamos encontrar vida como a conhecemos na Terra. Mas a ciência é feita de tijolos, de pecinhas de um quebra-cabeças, então a astronomia está muito contente com este resultado - diz o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alan Alves Brito, doutor em Astrofísica Estelar pela USP.
Ele aponta que, como tendemos a fazer comparações entre o que nos é desconhecido (Marte) e o que nos é familiar (a Terra), é interessante relacionar os córregos de água salina em Marte com os do deserto do Atacama, no Chile. Se, aqui, podem ser encontrados micróbios que sobrevivem nessas condições, por que não lá? É a próxima pergunta que os cientistas devem responder.
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- Se voltássemos três bilhões de anos, veríamos que Marte era um planeta muito diferente. Havia o que acreditamos ser um oceano enorme, que cobria dois terços da superfície. Mas algo aconteceu. Marte sofreu uma mudança climática e perdeu água. Hoje estamos revolucionando o nosso conhecimento do planeta. As descobertas são apenas o início da compreensão de Marte - celebra o físico Jim Green, da Nasa.
AS EVIDÊNCIAS DE ÁGUA Para chegar à conclusão de que há água líquida em Marte, os cientistas observaram as marcas deixadas em encostas de crateras. Em uma inclinação da Cratera de Hale, por exemplo, ficaram evidentes longas marcas escuras. Elas foram interpretadas como provas de que água escorreu por ali durante os meses mais quentes do planeta.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
No local das ranhuras, foram detectados sais hidratados - clorato de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio. Foram eles os responsáveis por diminuir a temperatura de congelamento da água. Abaixo, as marcas na cratera de Garni.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
As marcas foram registradas pelo satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO). Restou a dúvida: de onde vem a água? Sobre isso, os cientistas ainda não podem ser conclusivos. A imagem abaixo mostra a cratera de Horowitz.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
A descoberta também desperta esperanças sobre a chance de haver vida no planeta vermelho. Micróbios terrestres utilizam o perclorato como fonte de energia, por exemplo.
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