O tempo quente e o tom claro das águas no Litoral Norte na última semana foram convidativos para a observação das baleias - atividade que poderá se tornar mais comum a partir do próximo semestre no Estado.
Rio Grande do Sul está entre os estados com maior número de encalhes
É que um edital que destina recursos no valor de R$ 375 mil para conservação e monitoramento destes animais acaba de ser aprovado pela Fundação Boticário e o trabalho está previsto para iniciar ainda este mês.
Grupo de baleias-francas aparece no mar de Capão
A instalação de placas informativas sobre a presença dos cetáceos no Litoral e um museu com educação ambiental, em parceria com a Prefeitura de Torres, na área do Parque da Guarita, são as principais estratégias para fomentar o turismo.
O objetivo do trabalho, segundo José Truda Palazzo, presidente do Instituto Augusto Carneiro, é sistematizar o monitoramento, realizar ações de capacitação das comunidades para desenvolver o turismo, educação ambiental e eventos, como um Simpósio Internacional para o próximo ano.
O projeto, realizado em conjunto com o Instituto Oceano Vivo, contempla a aquisição de equipamentos, como drone e máquina profissional, e contratação de pessoal.
Para quem mora na praia, o investimento será bem-vindo. Consultor imobiliário e surfista, Carlos Oliveira conta que, na última semana, observou diariamente a presença delas na beira da praia de Capão da Canoa, onde mora. Chegou a notar, inclusive, que a orla ficou mais movimentada com a presença das baleias:
Pessoas observando baleias em Capão da Canoa Foto: CARLOS OLIVEIRA
- As francas passaram a semana inteira dando show por aqui. Tinha bastante gente observando. Até registrei (foto abaixo). Elas estão a poucos metros da costa, máximo mil metros, e estão geralmente em duplas ou grupos. Cheguei a ver sete em um dia - relata o surfista.
Oliveira informou que os horários mais comuns para a observação dos animais foram entre 11h e 13h e 17h. Acostumado a acompanhar a visita dos mamíferos anualmente, ele acredita que, este ano, elas apareceram em maior quantidade.
População de Franca cresce cerca de 10% ao ano
A impressão do morador de Capão é confirmada pela estatística do vice-presidente do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), Ignácio Moreno: segundo ele, graças às atividades de conservação, a população de baleias francas cresce cerca de 10% ao ano.
Os meses mais propícios para esta observação, de acordo com Moreno, são agosto e setembro. Segundo ele, elas vêm para a reproduzir no Estado e, embora a morte de um filhote seja um fato inusitado (o Ceclimar apura a causa da morte da Franca encontrada em Tramandaí), não é isso o que mantém as baleias no Litoral Gaúcho.
- Somos um berçário de baleias, e muitas só sairão daqui em setembro. Há vinte anos, quando começamos a pesquisar o assunto na UFRGS, a presença delas não eram tão comum. Mas hoje, temos mais indivíduos, por causa da criação de áreas de proteção em Santa Catarina e na Península de Valdez (Patagônia Argentina). É extremamente normal esta presença. Nosso litoral é um dos mais ricos em termos de mamíferos marinhos no Brasil. As pessoas não param para contemplar a riqueza. Vivemos de costas para o nosso litoral - explica o biólogo.