* Zero Hora
A greve de servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que teve início em 29 de junho, paralisando parte das atividades de docência, já antecipa reflexos nas matrículas de alunos no segundo semestre. Entre as atividades interrompidas está a avaliação dos estudantes - assim, aqueles que tiveram aulas com professores grevistas terminaram a primeira parte do ano sem notas em algumas disciplinas.
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Integrantes da paralisação contam que, para evitar a falta desse registro, a universidade atribuiu conceito NI (não informado) aos estudantes afetados. Com isso, porém, o Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS aponta que o ordenamento - que define, entre outros procedimentos, quais estudantes terão preferência de ingresso em cada disciplina - sai prejudicado.
- Com essa medida, de forçar matrícula com um conceito que não existe, a universidade vai causar danos aos estudantes. E isso não resolve nenhum problema: a expectativa para o segundo semestre é que a situação seja até agravada - garante Juliano Marchant, coordenador-geral do DCE.
Marchant diz que os estudantes devem entrar nesta sexta-feira com um mandado de segurança para tentar evitar a medida. Também nesse dia, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior na universidade (Andes-UFRGS) divulga um comunicado sobre a greve, esclarecendo que o objetivo não é prejudicar os alunos, mas defender as instituições públicas de ensino.
- Se os cortes na educação são inevitáveis, gostaríamos que ao menos a reitoria se posicionasse contra essas medidas e se esforçasse para que o ensino e a pesquisa não sejam afetados - explica Carlos Alberto Gonçalves, presidente da seção sindical dos Docentes da UFRGS. - A UFRGS encontrou uma forma de tentar nos punir pela greve, mas assim acaba atrapalhando os alunos - completa o professor do departamento de bioquímica.
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Entre as reivindicações dos grevistas, estão melhores condições de trabalho na universidade e reajuste salarial. Eles apontam, ainda, que convivem com "um verdadeiro colapso" da infraestrutura e de investimentos. Essa situação, argumentam, acaba colocando em xeque a continuidade da qualidade na educação universitária.