Proatividade e organização são qualidades essenciais para qualquer pessoa interessada em aproveitar ao máximo - e completar - um curso a distância. Mas há outro fator que pode fazer a diferença: a capacidade que o aluno tem de adaptar os estudos às atividades da vida pessoal.
A auxiliar de Educação Infantil Raquel Martins, 29 anos, usa todo seu tempo livre para manter em dia o curso de Pedagogia que faz no Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi). Funcionária de uma escola municipal em Capão da Canoa, ela acorda cedo para estudar antes do trabalho. As apostilas são sacadas da bolsa no intervalo para o almoço, na fila do banco ou em qualquer outra oportunidade.
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Separada e mãe de dois filhos (Arthur, um ano, e Benhur, dois), Raquel espera até eles dormirem para ter um último contato com os estudos. Antes de ir para a cama, assiste a aulas em vídeo e interage com os colegas. O WhatsApp é o meio de comunicação preferido da turma, e os tutores costumam responder por ali mesmo.
- Tento espalhar bem os estudos durante a semana para poder aproveitar o sábado e o domingo com os meus filhos - conta Raquel, que espera concluir o curso e virar professora.
Para evitar a dispersão
Gustavo Gawryszewski, 29 anos e gerente de produto em uma empresa de segurança da informação de Porto Alegre, planeja seus estudos de outra forma. Ele concentra em um dia da semana a maior parte do tempo dedicado ao curso de Gestão em Tecnologia da Informação pela Universidade Paulista (Unip). Duas ou três vezes por semana, ele assiste a vídeo e lê as apostilas do curso, mas ter um dia mais reservado para os estudos ajuda Gustavo a manter foco em meio a outras atividades.
- Tem de se forçar, criar motivação. É muito fácil de a gente se distrair - alega.
Gustavo diz que talvez não estivesse cursando a faculdade se não houvesse a opção a distância. Os maiores impeditivos de um curso presencial seriam, segundo ele, a falta de tempo devido ao trabalho e os altos valores praticados no mercado no modelo presencial.
Exigência diária
Para Alíssia Marocco, 35 anos e funcionária de uma escola pública em Guaporé, o preço não foi tão determinante na hora de escolher uma pós-graduação em Gestão Empresarial. Após avaliar as opções em sua região, Alíssia optou por fazer o curso a distância na PUCRS, em Porto Alegre, mesmo pagando mais caro. O que mais pesou na escolha foi o tempo que ela gastaria no deslocamento até outra cidade: pelo menos três horas por dia.
- Achei que valeria mais a pena fazer o curso a distância e viajar para Porto Alegre apenas nas datas de provas - conta.
Alíssia terminou sua pós em 2014, mas a boa impressão permanece. Ela confessa que tinha "um pouco de preconceito" em relação ao ensino a distância, mas que essa percepção mudou logo no início do curso. Além das horas diárias dedicadas aos estudos, Alíssia tinha como regra acessar ao menos uma vez por dia a plataforma online da universidade, caso contrário, segundo ela, poderia ficar para trás.
- Ler minimamente o que enviam e debater com o professor exige todas as noites. Se não for assim, não dá tempo - avisa.
Ela considera o pouco contato com os colegas um ponto negativo de estudar a distância e diz ter sentido falta de mais encontros durante o curso. Sobre esse aspecto, Darci Pizzi, 42 anos e funcionário da prefeitura de Camargo, no noroeste gaúcho, não tem muito do que reclamar. Mesmo vivendo em uma cidade com menos de 3 mil habitantes, ele mora ao lado do local em que realiza suas provas e tem acesso fácil aos tutores do curso de graduação a distância de Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da UFRGS.
Mesmo que essa realidade não seja compartilhada por todos os seus colegas de bacharelado - segundo ele, o polo de apoio presencial de Camargo atende a alunos de outros 12 municípios - acaba demonstrando a maior capilaridade que o Ensino Superior conquistou com o crescimento do ensino a distância. Darci conta que usa a proximidade ao polo presencial a seu favor: vai ao local para buscar material, tirar dúvidas e encontrar colegas para a realização de trabalhos.
- Quem mora longe também frequenta bastante, vem toda semana - explica.
Casado e com um filho de oito anos, o funcionário público reserva duas horas por dia para o curso, que começou em 2014. Filho de pequeno agricultor, seu plano é permanecer em Camargo após obter o diploma e trabalhar com consultoria.
- Quero trazer alternativas para a agricultura familiar, incluindo novas tecnologias e o cultivo de orgânicos - planeja Darci.
Como ser um aluno EAD
- Assegure a estrutura necessária para a realização do seu curso. Acesso à internet e um meio de locomoção confiável até seu polo de apoio presencial são indispensáveis.
- Reserve um horário para estudar e realizar suas atividades. Lembre-se que, como o nível de exigência de um curso a distância é comparável ao de um curso presencial, o tempo de dedicação aos estudos também deve ser o mesmo.
- Defina um espaço reservado para seus estudos. Para evitar distrações, sempre deixe claro a seus familiares que você está em seu horário de estudo.
- Não deixe para conhecer o conteúdo de uma disciplina perto da data de avaliação. Há o risco de você não conseguir dar conta de toda a matéria.
- Aproveite todas as oportunidades para interagir com colegas e professores, mesmo a distância. A participação em fóruns e chats ajuda a criar vínculos com o curso e faz você se sentir menos sozinho, além de ajudar no aprendizado.