Durante as pesquisas de campo para um trabalho de conclusão do curso de graduação em Ciências Biológicas da Feevale, o estudante Mateus Henrique de Mello e o seu orientador, o professor Ismael Franz, ouviram um canto inesperado.
Pesquisadores da PUCRS descobrem nova espécie de pássaro do Brasil
A vocalização de dois indivíduos foi gravada, e um macho de uma espécie nunca encontrada no Rio Grande do Sul foi capturado. Trata-se da Fritziana fissilis, uma perereca que jamais havia sido registrada no Estado - nem mesmo a família a que ela pertence (Hemiphractidae) não possuía nenhum de seus membros nos registros do RS.
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O trabalho levantou 17 espécies, pertencentes a sete famílias, na região da nascente do Rio do Sinos. A Fritziana fissilis é conhecida popularmente como perereca-marsupial, uma alusão ao fato de que as fêmeas carregam os girinos no seu dorso, sob a pele. Elas possuem apenas 2 cm de comprimento e se reproduzem nos "tanques" de água formados dentro de bromélias epífitas.
Apenas o fato de se encontrar uma espécie que exige um ambiente tão intocado para se desenvolver já demonstra as condições de preservação da nascente do Rio dos Sinos. Segundo os pesquisadores, isso reforça, ainda mais, a importância da preservação da região, e a necessidade de se conduzirem novos estudos sobre a fauna local.
A descoberta foi publicada na revista científica Check List, da Universidade de São Paulo (USP). A partir de agora, novas análises serão feitas com espécimes da nova população, a fim de não deixar dúvidas sobre a sua identidade. Os autores do estudo suspeitam que a perereca possa ser uma nova espécie para a ciência, mas isso só poderá ser avaliado com mais análises de morfologia, anatomia, canto e DNA, o que ainda levará cerca de um ano.
- Essa espécie vive apenas em áreas de Mata Atlântica bem conservadas, o que revela a importância da região das nascentes do Rio dos Sinos para a conservação desta e de diversas outras espécies com as mesmos requerimentos, além da necessidade de se preservar e recuperar as florestas ao longo de toda a bacia hidrográfica. Em tempos de escassez de água limpa, não somos apenas nós que temos este como o recurso mais essencial para a manutenção da vida - explica o professor Ismael Franz.