A grandiosidade da nova série Cosmos, parceria do NatGeo com a Fox que foi ao ar na última quinta-feira, se comprovou ainda antes do primeiro episódio. O remake da bem-sucedida produção dos anos 1980 comandada pelo astrônomo Carl Sagan teve grandiosa estreia mundial, com exibição em 170 países e em 48 idiomas.
A atração voltou repaginada, com efeitos visuais primorosos, novos questionamentos sobre o universo e nomes como Seth MacFarlane (Uma Família da Pesada) como produtor-executivo.
Na quinta, às 22h30, a NatGeo exibiu o primeiro capítulo simultaneamente com Nat Geo Wild, Fox, FX, Fox Life, Bem Simples, Fox Sports, Fox Sports 2 e Fox & Nat Geo HD. A partir do dia 20, os episódios serão exibidos às quintas-feiras no mesmo horário no NatGeo. Já nos Estados Unidos, a atração ganhou um improvável garoto propaganda: o presidente Barack Obama.
Carl Sagan (1934-1996), astrônomo, escritor e condutor televisivo, foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da série original - em 1980, Cosmos foi vista por mais de 750 milhões de pessoas - por apresentar temas complexos em linguagem simples, em um contexto em que o universo ainda era grande fonte de interesse do grande público, remanescente da guerra fria e da corrida espacial. A televisão inovava ao propor a discussão científica como entretenimento e a produção levou três prêmios Emmy. Mais de 30 anos depois, Cosmos volta à TV sob um novo panorama.
- Cosmos quer mostrar que ciência não é mais aquela matéria chata da escola que você tinha que assistir mas não via sentido prático - diz o novo apresentador da série, o astrofísico norte-americano Neil deGrasse Tyson, de 55 anos, um pupilo de Sagan.
- Em cada programa, vamos dar informações que correlacionem algo do universo, seja macro ou microscópico, com o espectador. Uma geração se passou desde que a série original foi ao ar. Estamos diante de uma nova ordem mundial, política, cultural e social. Cosmos vem pôr luz sobre alguns temas para que possamos entrar bem nesse século 21, que está apenas começando.
À altura do original em termos de carisma e didatismo, Tyson é presença constante em programas de televisão e rádio americanos como comunicador de ciência. Ann Druyan, viúva de Sagan, é a roteirista e diretora do novo programa; completa a equipe o diretor de fotografia Bill Pope, famoso pela trilogia Matrix.
Tyson, que assume o lugar de seu mentor como condutor da nave exploradora que é ponto de partida para cada aventura. Seguindo o propósito de conseguir uma audiência global e falar a um público que não necessariamente detém conhecimento teórico sem aborrecê-lo, a parceria com o estúdio Flurry Door, de MacFarlane, foi um passo essencial.
- Seth é conhecido por suas animações, mas pouca gente sabe que ele é um entusiasta da ciência - conta o produtor Mitchell Connald. - Além disso, Seth tem muita influência em Hollywood, então ele levou o projeto à Fox e conseguiu sua atenção.
Como resultado, muitas das histórias dos personagens apresentados em Cosmos são animadas, o que proporciona agilidade à atração e faz um contraponto com as amplas e profundas imagens do espaço escuro, planetas e galáxias.
O primeiro capítulo contou a trajetória do frei dominicano Giordano Bruno, que no século 16 ousou propor a ideia de uma pluralidade de mundos e foi considerado herege pela Igreja Católica.
- Foi ideia de Seth optar por animação e concordamos que seria um atrativo às novas gerações - conta Connald. - Queremos atrair essas crianças. Sou de uma geração que cresceu com as missões à lua, um tempo em que nossos heróis eram astronautas e cientistas. Hoje, os heróis dos meus filhos são atletas, atores, músicos.
Para o apresentador Neil deGrasse Tyson, Cosmos é um lembrete de que a ciência está ao nosso redor, em todos os lugares.
- Além de nos posicionar no tempo e no espaço, o programa vai falar sobre o que a ciência pode fazer por nós como indivíduos e nos preparar para o futuro. Hoje, muito se discute sobre como extrairemos energia no futuro ou qual o próximo avanço da tecnologia. Queremos reinstaurar a curiosidade nas pessoas.