As principais ONGs de proteção do meio ambiente, como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o Greenpeace, abandonaram nesta quinta-feira 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Varsóvia, Polônia.
Em ato simbólico inédito, cerca de 200 pessoas vestiram camisetas brancas com as frases "Poluidores debatem, nós vamos embora" e deixaram em conjunto o Estádio Nacional. Essa é uma decisão sem precedentes na história das grandes negociações promovidas pela ONU na luta contra a mudança climática.
- Organizações e movimentos que representam a sociedade civil em todos os lugares do mundo decidiram aproveitar melhor seu tempo e se retirar das negociações de Varsóvia - afirmam seis organizações em um comunicado publicado um dia antes do encerramento oficial da conferência.
- Esta conferência, que deveria ter representado uma etapa importante na transição para um futuro sustentável, não leva a nada - afirmam Greenpeace, Oxfam, WWF, Amigos da Terra Europa, Confederação Internacional de Sindicatos e ActionAid International.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, disse que o governo polonês "fez o seu melhor para transformar essas conversas em uma vitrine para a indústria do carvão".
O evento terminará na sexta-feira após quase duas semanas de negociações para a redução das emissões de gases de efeito estufa no mundo. Os participantes na conferência esperavam estabelecer as bases de um acordo que deve ser assinado em Paris em 2015, mas as negociações encontram-se em um impasse.
Na semana em que os chefes de Estado chegaram à conferência, Japão e Austrália decidiram voltar atrás em seus compromissos e se retirar da segunda fase do Protocolo de Kyoto. Na manhã de ontem, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, demitiu o ministro de Meio Ambiente, Marcin Korolec, que liderava as negociações.
"A crítica também se estende aos Estados Unidos, que se recusa a participar do processo multilateral da ONU, à falta de ambição por parte da União Europeia, à falta de vontade política em assumir mais responsabilidade por parte do grupo dos países em desenvolvimento, e também ao financiamento, que continua esvaziando o Fundo Verde para o Clima", escreveu o Greenpeace.