O satélite que será produzido no Polo Espacial Gaúcho deve ser lançado no final de 2015 e terá tecnologia 100% nacional. As informações foram confirmadas nesta quarta-fera por Marcos Arend, diretor de tecnologia da AEL Sistemas, a empresa-âncora do projeto que já mobiliza quatro universidades, oito PhDs, 32 engenheiros, três institutos e pelo menos seis empresas nacionais e estrangeiras.
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Desse esforço coletivo deve resultar o Microssatélite Militar Multimissão (MMM-1), que será lançado na base de Alcântara (MA), considerada uma das melhores do mundo pela localização próxima à Linha do Equador. Além do potencial de mercado, a intenção de produzir tecnologia espacial 100% brasileira é prescindir da dependência de material importado, em especial no setor de defesa.
O MMM-1 não terá controle de órbita, quer dizer, não poderá ser "manobrado" para garantir orientação correta em relação à Terra. Isso o deixará à mercê de forças como a gravidade e a pressão solar e, por isso, o equipamento ficará em órbita por cerca de dois anos apenas. Ainda assim, os desafios são vários, entre os quais o de lidar com a temperatura no vácuo: o satélite pode estar quente de um lado, devido à incidência do sol, e gelado do outro, onde o frio pode chegar a -270°C, muito perto da temperatura considerada a menor possível.
A partir do conhecimento reunido a partir do lançamento do MMM-1, devem ser projetados o MMM-2 e o MMM-3, esse último com controle de órbita e perspectiva de competir no mercado internacional.
- Haverá uma explosão no consumo de microssatélites - afirma Arend, apontando que essa solução reduz drasticamente os custos e tem a vantagem da prontidão, já que esses equipamentos, leves, podem ser enviados ao espaço por qualquer lançador.
- Se perdermos esse trem, vamos chegar muito atrasados. O futuro do mercado é de quem tiver sucesso na área de microssatélites - disse o vice-presidente da AEL, Vitor Neves.
Características do MMM-1
Massa: cerca de 20 quilos
Tamanho aproximado: 30 cm de altura x 10 cm de largura x 10 cm de profundidade
Altitude de órbita: 700 quilômetros
Aplicação imediata: setor de defesa
Onde entram as universidades
UFRGS: processamento de bordo e análise de radiação
UFSM: estrutura de operação no solo
Unisinos: sensores, microeletrônica e propulsor (que pode levar ao controle de órbita do MMM-3)
PUCRS: antenas, transpônder digital e possível operação no solo
Empresas
AEL: chassis do satélite, defesa eletrônica, componentes espaciais e interface de comunicação
Digicom: fabricação de dispositivos mecânicos e suprimento de energia
GetNet: serviços de comunicação
TSM: desenvolvimento, qualificação e produção de antenas