Com o objetivo de abrir os horizontes dos estudantes e incentivar quem deseja estudar fora do país, representantes de 14 universidades dos Estados Unidos e do Canadá vieram ao Brasil para participar de uma feira acadêmica. Na semana passada, o grupo esteve em três escolas particulares de Porto Alegre para conversar com alunos de Ensino Médio e Fundamental e dar orientações sobre processos seletivos nas instituições de ensino estrangeiras.
A Capital foi a primeira parada do grupo, que fica no Brasil até 28 de março, passando por 19 escolas em cidades como São Paulo (SP), Salvador (BA), Curitiba (PR) e Brasília (DF). Batizado de Wren Tours, o projeto acontece há mais de 20 anos em vários países, mas essa foi a estreia do “tour” no colégio Farroupilha. O evento teve ampla adesão dos alunos – cerca de 500 estudantes participaram da atividade na escola, na última terça-feira (19).
— A feira me incentivou bastante, tirei muitas dúvidas em relação ao processo de aplicação. Conhecer todos esses profissionais foi bom para dar uma geral nas dúvidas e entender se eu seria um bom candidato, se estou preparado — conta Nicholas Shen, de 17 anos, que está no último ano do Ensino Médio.
Ele e a irmã, Victoria, 16 anos, pretendem estudar nos EUA e ambos querem cursar algo na área das engenharias. Para ela, que está iniciando o 2º ano do Ensino Médio, a experiência foi proveitosa e serviu como estímulo. Para Gustavo Hebmuller, 18 anos, a feira proporcionou aprendizados.
— Pretendo cursar Engenharia Aeroespacial ou algum curso ligado à robótica, é uma área que tem crescido muito e tem poucos cursos relacionados a isso no Brasil. Quero fazer nos EUA, seria uma ótima oportunidade em um país que investe muito na educação. Tenho uma lista com 12 universidades para as quais planejo aplicar ou entrar em contato — destaca o estudante do 3º ano do Ensino Médio.
No mesmo dia, o grupo visitou a Pan American School e o Colégio Israelita. Participaram da feira representantes das seguintes universidades: Rollins College, Penn State University, Lynn, Chapman University, Indiana University, Florida Institute of Technology, Fordham University, Lakehead University, Michigan State University, Rhodes College, University of West Georgia, The University of Tennessee, Knoxville e University of Winnipeg.
— Estamos aqui para que os alunos vejam que há outras opções para fazer a graduação, e não apenas o Brasil. Estudar fora é uma experiência muito rica, porque nós somos cidadãos globais e, se todos aprendermos uns com os outros, podemos nos tornar uma sociedade melhor. Temos muitos outros brasileiros na Rollins, por exemplo, lá temos pessoas de 76 nacionalidades diferentes — conta Edward Bustos, diretor de admissão internacional na Rollins College, na Flórida.
Preparação para estudar fora
As universidades apresentaram informações sobre cursos de graduação e pós-graduação, bolsas de estudos, processos e critérios de admissão. Além disso, foi uma oportunidade para os alunos interagirem em língua inglesa com os representantes das instituições.
Para quem planeja estudar fora, é fundamental apresentar certificado de proficiência em inglês. Os testes mais aceitos pelas universidades norte-americanas e canadenses são o Test of English as a Foreign Language (TOEFL) e International English Language Testing System (IELTS). Normalmente, o nível mínimo exigido é o B, que equivale ao intermediário. É possível fazer as provas em diversos locais no Rio Grande do Sul.
Além de obter o certificado, é importante estar atento a outros detalhes do processo seletivo, uma vez que cada instituição tem suas regras e critérios de avaliação. Em geral, nos EUA, o que mais importa é o desempenho escolar. As universidades avaliam as notas do histórico com diferentes pesos para cada área, com maior valor para áreas ligadas ao curso escolhido.
O processo seletivo varia conforme a universidade. Por isso, é importante visitar o site da instituição de ensino para entender os critérios, mas o mais importante de tudo são as notas.
EDWARD BUSTOS
Diretor de admissão internacional na Rollins College
— O processo seletivo varia conforme a universidade. Por isso, é importante visitar o site da instituição de ensino para entender os critérios, mas o mais importante de tudo são as notas. Olhamos sempre para as notas do 9º ano e dos três anos de Ensino Médio — explica Bustos, que coordena a feira. Portanto, é necessário garantir bom desempenho escolar ao longo dos anos.
Assim como o processo seletivo para ingressar, a seleção de estudantes aptos a receber bolsas de estudos também tem requisitos específicos. No Florida Institute of Technology, por exemplo, alunos bolsistas podem receber até US$ 40 mil por ano para custear o curso e despesas nos EUA. Isso equivale a quase R$ 200 mil, considerando a cotação atual.
— Ao analisar a candidatura para admissão, olhamos também as notas do estudante em Matemática e Ciências, que é nossa principal área de atuação, para verificar se o aluno poderá receber a bolsa. Ou seja, trata-se de processo seletivo único — explica Marivi Walker, diretora de admissão internacional na Florida Tech.
Requisitos e critérios de seleção
Para facilitar a inscrição nos processos seletivos, uma boa dica é utilizar o site Common Application, que permite realizar a aplicação para diversas instituições de ensino ao mesmo tempo. Universidades de todos os 50 estados dos EUA e de outros 20 países aceitam a inscrição pela plataforma. De qualquer forma, vale ressaltar que cada instituição de ensino tem seus próprios cronogramas, taxa de inscrição e requisitos.
Mesmo que o estudante faça a aplicação por meio do Common App, é necessário estar atento a detalhes de cada seleção. Por exemplo, é preciso verificar se a universidade solicita o envio de uma essay (redação) no processo seletivo, para que o aluno tenha tempo hábil de preparar o texto. Muitas vezes, as instituições pedem uma redação para conhecer melhor o estudante e seus objetivos. Outra exigência comum é a carta de recomendação.
Por fim, um requisito de admissão relevante é o Scholastic Aptitude Test (SAT), ou teste de aptidão escolar, em português. A prova tem função semelhante ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e é exigida como critério de avaliação por diversas universidades norte-americanas. Nem todas as instituições pedem o exame a candidatos estrangeiros.
A prova SAT tem duração de quase quatro horas e abrange duas áreas – Matemática e Língua Inglesa, com parte dedicada à escrita e outra à leitura e interpretação de textos em inglês. A instituição responsável pelo exame é o College Board, que aplica a prova em diversos países, incluindo Brasil. Em Porto Alegre, a prova normalmente ocorre na Pan American School.
Os próximos exames de 2024 serão aplicados nos dias 4 de maio e 1º de junho. Para fazer a prova, é necessário realizar a inscrição no site do College Board e pagar a taxa de US$ 60 – o equivalente a R$ 300, na cotação atual.