Docentes demitidos da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS) se reuniram na tarde desta quarta-feira (27). O objetivo do encontro foi orientar os educadores desligados quanto ao pagamento dos direitos trabalhistas.
Nesta semana, a instituição anunciou o fechamento de todos os seus programas de pós-graduação (PPGs) stricto sensu. Os estudantes dos cinco cursos de mestrado e quatro de doutorado existentes na universidade poderão concluir suas atividades, mas não haverá novos ingressantes. Em torno de 65 docentes foram demitidos; 50 deles do Rio Grande do Sul.
— Os gestores da Ulbra já tinham feito outras tentativas de redução de custo operacional. É uma situação que sabemos há anos. Não era esperado nessa monta (as demissões), mas também não é uma coisa que tenha nos surpreendido. Queremos que se pague corretamente os professores demitidos — diz Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS.
A reunião ocorreu de forma virtual e teve a participação de 46 dos docentes demitidos. Um deles é Moysés Pinto Neto, 43 anos, professor do programa de pós-graduação em Educação.
— Fizemos um processo seletivo que teve número recorde de inscritos neste semestre, com gente de outros Estados. Preenchemos todas as vagas que poderíamos preencher, então esperávamos a continuidade. Por isso, as demissões foram uma surpresa para os professores — diz o Moysés, que atuava na Ulbra desde 2009.
Além das demissões na instituição, o docente se diz preocupado com o cenário de fechamento de cursos de pós-graduação no Estado, como ocorreu na Unisinos e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
— São “cérebros” que, sem alternativa, estão deixando o Estado. Aqui na Ulbra, tínhamos programas de pós-graduação bem avaliados, conceituados, com uma longa trajetória, que foram fechados. Vemos que tem prevalecido uma lógica de mercado, que está sendo normalizada. Isso é ruim para professores e também para a sociedade de forma geral.
Decisão da mantenedora
Em nota para GZH na terça-feira (26), a Aelbra, mantenedora da Ulbra, informou que tem adotado medidas para equacionar o passivo desde 2022, “preservando o maior patrimônio, que é a oferta de um ensino de qualidade, recentemente avaliado com nota máxima pelo MEC (Ministério da Educação)”.
A mantenedora apontou que tanto a demissão de docentes como a descontinuidade dos PPGs estão inseridas no contexto da recuperação judicial que vive a instituição, mas que os atuais alunos “têm a total garantia da conclusão dos cursos em andamento, sem qualquer prejuízo acadêmico”. A gestora garante ainda que pagará de imediato as rescisões fruto dos desligamentos.
Nesta quarta-feira, a Aelbra informou à reportagem que as rescisões serão paga aos professores conforme prevê a legislação.