A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais passou de 2,5% em 2022 para 2,7% em 2023, o que representa aumento de pelo menos 24 mil analfabetos no Rio Grande do Sul. O cenário, entretanto, é considerado de estabilidade. No total, foram contabilizadas 256 mil pessoas nessa faixa etária que não sabiam ler e escrever no Estado no ano passado, sendo que 62,5% delas são brancas – são cerca de 160 mil pessoas brancas nesta condição. Em 2019, a taxa de analfabetismo no RS era de 2,4%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta sexta-feira (22). Mesmo com o sutil aumento do contingente de pessoas analfabetas, a situação no RS é menos preocupante do que o cenário nacional. Conforme o levantamento, a taxa de analfabetismo no Brasil em 2023 era de 5,4%, considerando a população acima dos 15 anos. Comparações só são possíveis a partir de 2016, quando o instituto ampliou a área de cobertura do estudo.
O maior número de pessoas que não sabem ler e escrever está concentrado no Nordeste, com analfabetismo de 11,2% no ano passado. No total, havia 9,3 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas no Brasil em 2023. Resolver o problema do analfabetismo é uma das metas do atual Plano Nacional de Educação (PNE), que tem vigência até este ano de 2024.
A meta nove tinha como objetivo a redução da taxa da população analfabeta de 15 anos ou mais para 6,5% até 2015. Em 2017, a taxa ainda era de 6,7%. O plano também previa a erradicação do analfabetismo em 2024, mas o país ainda está distante dessa meta.
No momento, está sendo elaborado o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação do próximo decênio, que terá vigência de 2024 a 2034. Já foi encaminhado para avaliação do Ministério da Educação um documento construído a partir da Conferência Nacional de Educação (Conae) 2024, realizada em janeiro. Depois, o projeto ainda precisa ser votado pelo Congresso Nacional.
Impacto entre pessoas negras e idosas
No Brasil, o nível de analfabetismo segue concentrado entre as pessoas mais velhas. Novamente, o quadro continua mais grave quando se trata da população acima dos 60 anos. Em 2023, eram 5,2 milhões de analfabetos no Brasil nesse grupo etário. Isso representa uma taxa de analfabetismo de 15,4% somente para essa população.
No Rio Grande do Sul não é diferente. Considerando essa faixa etária, a taxa de analfabetismo saltou de 6,8% para 7,4% entre 2022 e 2023. Em relação ao nível de analfabetismo por grupo étnico-racial no Estado, em todas as faixas etárias, a taxa de analfabetismo é maior entre a população negra.
No caso das pessoas de 15 anos ou mais, por exemplo, os brancos apresentam taxa de 2,2%, enquanto as pessoas pretas e pardas representam 4,5%. Já em relação às pessoas acima dos 60 anos, a taxa de analfabetismo é de 5,8% para os brancos, e de 15,3% para os negros.
Embora o contingente de pessoas analfabetas brancas no RS seja maior, a taxa é mais elevada entre pretos e pardos, por conta da distribuição da população no Estado. A taxa de analfabetismo é a razão entre o número de pessoas de determinada faixa etária que não sabem ler e escrever e o total de pessoas dessa mesma faixa etária.