Ao longo dos anos, o Brasil apresenta grandes talentos da gastronomia, atuando tanto no país como no Exterior. Para se ter uma dimensão, o ranking The Best Chef 2023 lista seis brasileiros entre os 100 maiores chefs de cozinha do mundo. Além desta atuação, existem profissionais atuando em outros países como consultores, avaliadores de estabelecimentos e no turismo gastronômico.
É o caso da mediadora cultural e enogastronômica Lívia Dornelles Guimarães, que trabalha em Lisboa, Portugal. Em uma agência de turismo, ela recebe grupos de estrangeiros, promovendo uma experiência cultural, com passeio e imersão na história da gastronomia portuguesa e seus vinhos. No entanto, para chegar neste momento profissional, a sua primeira experiência internacional foi em um estágio prático do curso de Gastronomia da Unisinos. O local escolhido foi o restaurante Talisco, do renomado chef português, Henrique Sá Pessoa.
– Essa oportunidade em Portugal permitiu compreender todas as práticas necessárias dentro de um restaurante. Passei pelas etapas de produção, gestão e logística. Dessa forma, tive aprofundamento em todos os processos necessários dentro de uma cadeia de restaurantes – afirma.
Além disso, Lívia ressalta que a sua formação na graduação foi repleta de muita estrutura e aprendizado prático e teórico. Antes mesmo da experiência prática na Europa, estudou, a cada semestre, as principais gastronomias internacionais, além da brasileira.
Para o futuro, a sua pretensão é continuar a se especializar no turismo, o setor econômico em qual relata que mais cresce em Portugal. Atualmente, é mestranda na Universidade Nova de Lisboa, no curso de marketing digital.
Outro exemplo é o do subchefe junior do restaurante La Table de Xavier Mathieu, Luciano Pergher Di Bari. O estabelecimento em que atua é especializado na culinária provençal clássica, localizado em Joucas, na França.
– Este restaurante tem a estrela do Guia Michelin, onde os desafios e responsabilidades são grandes, mas a satisfação pessoal acompanha no mesmo tom – pontua.
Di Bari lembra que antes dessa experiência, durante a graduação na Unisinos, foi possível adquirir as bases necessárias para começar sua carreira. A primeira experiência fora do país foi em um estágio também na França, em 2019. Seis meses depois, recebeu o convite para ficar como auxiliar de cozinha.
– Tiveram os desafios da língua e dos choques culturais, mas, quando terminou o estágio, fiquei ainda mais apaixonado pela profissão. Viver a cultura gastronômica francesa foi algo emocionante, entender os porquês de algumas situações que estudei em sala de aula – comenta.
Quanto aos seus planos, Di Bari pretende subir mais degraus na sua profissão e, um dia, comandar sua própria cozinha, tanto na França ou no Brasil.
Formação de profissionais
Os dois profissionais aproveitaram a internalização do curso de Gastronomia da Unisinos, que possui parcerias estratégicas. A empresa francesa La Provence é uma delas, sendo responsável por estágios curriculares obrigatórios.
– A empresa realiza toda a intermediação, com restaurantes e hotéis cadastrados, direciona e faz o acompanhamento dos nossos alunos na França. Nós, professores, também acompanhamos à distância – explica a coordenadora da graduação, Sarah Winck de Almeida.
Outro parceiro é o Korean Food Promotion Institute (KFPI), um instituto incentivado pelo governo coreano, que oferta a disciplina de cultura culinária coreana.
– Fazemos eventos finais em que convidamos público externo, com familiares e amigos dos alunos para degustar a culinária típica daquele país. Aliás, conta com aulas de professoras do KFPI, que vêm até a nossa universidade – destaca.
Toda essa forma de ensinar e pensar global advém de uma história ao longo de 20 anos de curso. Flavia da Silveira e Silva, que também é coordenadora de Gastronomia na Unisinos, ressalta que a graduação é pioneira entre as universidades do Rio Grande do Sul. Durante esse período, o currículo se manteve atualizado.
– Buscamos formar profissionais aptos a propor negócios e soluções inovadoras e sustentáveis para desafios globais, como segurança alimentar, desperdício de alimentos e impactos ambientais, que é o que o mundo de hoje mais precisa – conclui.