
Mentir é uma constante na confecção de currículos, mas a prática pode gerar consequências. Um estudo do site de aconselhamento de carreira e currículos ResumeLab informa que 36% admitem que mentiram no currículo e 93% conhecem alguém que adotou a prática. Conforme levantamento da Robert Half, uma consultoria de recrutamento, informações falsas no portfólio é o que mais corta profissionais de processos seletivos.
O objetivo da mentira é se destacar em um processo de seleção ou barganhar vantagens financeiras da futura empresa. Porém, o eventual benefício imediato pode ser transformar em prejuízos no longo prazo. A pesquisa do ResumeLab mostra que as principais consequências de mentir são: não ser contratado (35%), ser demitido (30%) e ser repreendido (22%).
— Considero mentir no currículo um suicídio profissional. São coisas fáceis de comprovar: é só ligar para a empresa anterior ou onde a pessoa trabalha para descobrir a verdade. É uma eliminação certa (no processo seletivo), nem questiono: se mente para o recrutador, imagina o que essa pessoa pode dizer ou fazer na empresa — afirma Paulo Roberto Gama, da Gama Consultoria em Recursos Humanos Estratégicos.
Para Luciane Linden, CEO da Carreiras Karnal & Linden e professora na Business School da Unilasalle, a mentira pode ser detectada durante uma entrevista com um profissional de Recursos Humanos.
— É possível investigar e solicitar ao candidato para exemplificar situações vivenciadas em experiências anteriores, podem ser utilizados testes práticos para aferir as habilidades e serem utilizados testes psicológicos que trazem mais informações sobre a personalidade do candidato, bem como interesses e motivações — cita.
A especialista atenta para o fato de que, se descoberta a mentira, o profissional poderá ser demitido por justa causa e processado nos casos mais graves.
— A mentira pode causar perda da confiabilidade e credibilidade da pessoa, manchando sua carreira profissional — argumenta ela.
Como ter um bom currículo
Não mentir é a primeira dica para construir um currículo sólido, capaz de chamar a atenção de recrutadores. A segunda é elaborar a apresentação da forma mais direta possível, evitar textos longos e páginas excessivas.
— Quem seleciona não leva mais do que 30 segundos para ler o currículo. Ele vai prestar atenção no nome, formação, o que faz e o que a pessoa fez. Os currículos extensos e prolixos – quatro ou cinco páginas – são descartados: tem que ser o objetivo, com no máximo uma ou duas páginas — acrescenta Paulo Roberto Gama.
Luciane Linden orienta atenção às redes sociais, que podem ser consultadas por empresas em um processo de seleção: é preciso, portanto, ter critério ao incluir conteúdos nos ambientes virtuais. Algumas perguntas podem ser "guias" à exposição no digital:
— Quem é você e qual imagem você quer transmitir? Qual a impressão você teria do seu perfil?
Outro aliado na busca por uma vaga é ter um perfil no LinkedIn. As dicas da atualização do portfólio digital são similares às do currículo tradicional. Luciane Linden diz que outras iniciativas podem deixar a apresentação atrativa a quem visitar o perfil:
- Incluir uma foto de perfil frontal e com semblante alegre
- Colocar uma imagem de capa que ilustra a área profissional da pessoa
- Inclua palavras chaves no título que revelem as aspirações do dono do perfil. Exemplo: analista de marketing
- No item "Sobre" faça a apresentação com resumo profissional e principais competências técnicas e comportamentais – o que diferencia a pessoa enquanto candidata
- Pedir recomendações para pessoas que já trabalharam com você
- Configurar o alerta de vaga para que você seja notificado quando houver uma oportunidade com os filtros selecionados