A falta de cursos de qualificação profissional e técnica é um obstáculo para a inclusão de jovens no mercado de trabalho, na avaliação de organizações da sociedade civil que trabalham nessa área. Segundo 67,6%, faltam oportunidades de qualificação e para 58,8%, os cursos disponíveis não estão sintonizados com as vagas de trabalho que existem.
Segundo o estudo Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras, que será lançado nesta quinta-feira (16), as vagas de emprego para os jovens brasileiros nos próximos anos estarão nas chamadas economia verde, prateada, digital, criativa e do cuidado.
A economia verde inclui bem-estar, combate às mudanças climáticas e sustentabilidade. A prateada está ligada aos produtos e serviços para um público com 50 anos ou mais, enquanto a digital envolve tecnologia e recursos digitais para educação, saúde e marketing. A economia criativa engloba atividades artísticas e culturais com potencial de criação de trabalho, e a do cuidado envolve cuidado direto e indireto, como aquele realizado com idosos.
De acordo com o estudo, a digitalização da economia traz a possibilidade de substituição de postos de trabalho a partir do desenvolvimento de tecnologias, mas também a criação de novos empregos. O relatório destaca, ainda, a necessidade de promover formação em carreiras que vão crescer nos próximos anos.
Para 76,4% das organizações ouvidas, no entanto, os jovens estão mal informados sobre essas possibilidades de carreira conectadas com as necessidades que estão surgindo.
— A maioria dos jovens hoje, principalmente os jovens vulnerabilizados, não conhece as carreiras de futuro. Não tem nos seus projetos de vida, nos seus sonhos, nas suas referências de bairro, pessoas que possam falar ou negócios que sejam profissões do futuro — disse a superintendente da Fundação Arymax, Vivianne Naigeborin, durante a apresentação do estudo.
Nesse cenário, 82,3% das organizações avaliam que as empresas não conseguem contratar jovens com a qualificação necessária para as vagas disponíveis. Vivianne lembra, porém, que os empreendedores também têm um papel fundamental para reverter esse quadro.
— Se as empresas não olharem para o percurso de formação, não abrirem os seus ambientes para que eles se tornem ambientes propícios de aprendizagem e de trabalho, e, principalmente, se elas não trabalharem um ambiente acolhedor, de permanência, de diversidade, a gente não vai conseguir completar esse percurso.
O estudo destaca ainda a necessidade de investir na Educação Profissional e Tecnológica (EPT), com cursos de qualificação, habilitação técnica e tecnológica. A pesquisa é uma parceria entre o Itaú Educação e Trabalho, a Fundação Arymax, a Fundação Roberto Marinho, a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Veredas e o Instituto Cíclica.