Desde as 9h desta sexta-feira (10), um grupo de estudantes ocupa o prédio onde funcionava a extinta colônia de férias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Tramandaí, no Litoral Norte. Os alunos reivindicam que o espaço seja convertido em um local de moradia para os estudantes ao invés do Centro de Inovação que a universidade instalou no prédio.
A medida vem sendo contestada há mais de um ano pela comunidade acadêmica, que aponta falta de diálogo dentro da instituição para a criação do novo órgão. Os alunos que participam da ocupação relatam que estão sem energia elétrica, sem água e sem acesso a alguns dos banheiros. Uma manifestação também ocorreu em Porto Alegre durante a manhã e alguns estudantes da Capital se somaram aos alunos do litoral em apoio.
Devido à pandemia, desde 2020 o local estava cedido para atividades de apoio ao Parque Científico e Tecnológico Zenit, de fomento de atividades de empreendedorismo e inovação da instituição.
Em janeiro do ano passado, a Pró-Reitoria de Inovação e Relações Institucionais (Proir) enviou um ofício solicitando à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) para que essa ocupação se torne permanente. O setor aceitou o pedido e encaminhou a cedência do espaço ao Parque Zenit.
De acordo com o estudante de licenciatura em Educação do Campo e Ciência da Natureza, e membro do Diretório Central de Estudantes (DCE), Raul Orcy, o local poderia servir de abrigo para os estudantes, uma vez que já dispõe de camas e mobília, apenas precisaria de reparos. Ele afirma que a concessão do espaço foi feita sem diálogo.
— O que a gente quer é uma moradia estudantil. Tem uma narrativa mentirosa de que este espaço estava abandonado, mas ele não estava. Estava depredado porque não estavam sendo recebidos repasses. Vamos nos manter aqui — afirma.
Os estudantes relatam que receberam um prazo até 22h30min desta sexta-feira para desocupar o prédio. Segundo eles, a Brigada Militar (BM) chegou ao prédio por volta de 17h a pedido da universidade.
O major Luiz César Lima dos Santos, que comanda o 8º Batalhão de Polícia Militar, confirma que a UFRGS pediu a reintegração de posse, mas diz não ter sido informado sobre este prazo e que acredita que, caso ocorra a reintegração, seja no sábado (11), durante o dia.
— Estamos aguardando a manifestação do oficial de Justiça para agir dentro dos protocolos previstos em lei — diz o comandante.
Procurada por GZH, a assessoria de comunicação da UFRGS não se manifestou até a publicação desta matéria.