Por Jorge Luis Nicolas Audy
Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc
O período em que vivemos nos revela a preocupação das pessoas com o futuro do país. Um país onde a crise passeia pelas ruas, onde parecemos um barco que nunca chega a seu destino, com tantas mentiras e promessas não cumpridas, tantas divergências, vivendo presos a um passado que não quer passar. Mas não podemos perder nunca a esperança. De uma maneira ou de outra vamos seguir em frente. Temos uma chama que segue viva e cheia de ternura da nossa gente, na esperança de que ainda seremos melhor do que antes, de que juntos podemos construir um futuro melhor.
A sociedade deve ser protagonista da construção desse futuro. Fazendo escolhas. Indicando prioridades. Construindo consensos mínimos que nos unam em uma visão de futuro comum. A crise sanitária que começa a se dissipar nos deixou muitas lições. Mostrou como podemos juntos superar desafios. Sobrevivemos como espécie, graças à colaboração e à capacidade de nos adaptarmos. Aprendemos que somos uma espécie relativamente frágil diante da força da natureza. Desenvolvemos redes para cuidar uns dos outros. Está mais do que na hora de usar essas conexões com tudo que nos cerca, para entender que temos uma oportunidade única de construir um novo momento que inclua todos e todas em um esforço coletivo para salvar nossa humanidade.
Nesse cenário, neste momento da história em que vivemos, emerge com clareza o fundamento para voltarmos a ter esperança no futuro. Esse fundamento não é a inovação. Não é a segurança pública. Não é a questão ambiental ou social. Não é o mercado ou a economia. Todos esses e outros são aspectos importantes, alguns até prioritários. Mas o fundamento da construção de um novo momento para nosso país é a educação!
Uma educação entendida como um direito de todos e um dever do Estado e da família, que seja promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Isto é o que diz nossa Constituição em seu Artigo 205. Isso não é mero discurso, pois diversos países, de diversas regiões e porte, que investiram pesadamente em educação na segunda metade do século 20, estabeleceram as bases para suas reconstruções e hoje lideram nos principais rankings de desenvolvimento social e econômico, de inovação e de qualidade de vida. São evidências que demostram que isso é possível, e para tal devemos ter políticas e instrumentos de financiamento para atingirmos essa visão de futuro.
É pela educação que vamos resolver os desafios da inovação, da segurança pública, das questões ambiental e social, do mercado e da economia, assim como todos os demais desafios que enfrentamos. Sem uma educação de qualidade, inclusiva e plural, seguiremos vendo nossos jovens deixarem nosso país em busca de melhores oportunidades. A educação é o fundamento para a construção de uma sociedade que viva plenamente o nosso tempo, o tempo da sociedade do conhecimento e da aprendizagem. Nesse contexto, o investimento em educação e em ciência gera benefícios tangíveis e intangíveis. Gera senso de cidadania, consciência de direitos e deveres e pensamento crítico. Gera riqueza, desenvolvimento (econômico, social e ambiental) e qualidade de vida. Como se não bastasse, no século 21, educação e ciência são sinônimos de soberania nacional e desenvolvimento, como em nenhum outro tempo na história.
Que neste momento crítico que vivemos tenhamos a sabedoria de fazer as escolhas certas, que moldarão o nosso futuro. Lembrando que, nesse contínuo que começa com a educação, transbordando para a ciência e a tecnologia, é na inovação que devemos alicerçar nossas esperanças de um futuro melhor. Buscando sempre conciliar a fé e a cultura em busca de um novo humanismo. Um humanismo de atenção e cuidado com o outro, de amor e de compaixão. Na esperança de que o passado nos permita seguir em direção ao futuro. Adaptando uma passagem do Poeminho do Contra do poeta que melhor entendeu nossa alma porto-alegrense, tornando a educação a prioridade da sociedade, “Eles (os problemas) passarão... Nós passarinho!”.