Antes de entrarem nas instituições para realizarem a prova do segundo dia do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) neste domingo (13), os candidatos estavam apreensivos, principalmente, com as matérias de Química e de Física. E professores que analisaram o teste consultados por GZH destacaram que essa tensão se mostrou válida, pela complexidade apresentado no concurso nesta última etapa.
Para Flávia Bernardi, professora de Química do cursinho preparatório Me Salva!, a prova apresentou um alto grau de dificuldade. De acordo com ela, os conteúdos que apareceram nas questões foram basicamente fenômenos e propriedades físico-químicas, separação de misturas, propriedades periódicas, orgânica, estequiometria e soluções e reações inorgânicas e pH.
— São conteúdos vistos no colégio ou cursinho, mas a prova continha detalhes bem específicos de cada um, o que dificulta, pois o estudante lembra de coisas mais gerais e não tanto de detalhes. Caíram mais questões de química orgânica, como vinha acontecendo antes, e essas questões estavam especialmente difíceis. Acredito que mesmo quem estudou possa ter tido dificuldade — argumenta Flávia.
Segundo a professora, a UFRGS costumava cobrar bastante equilíbrio químico e sempre apresentava pelo menos uma questão de cinética e termoquímica, mas, neste ano, nenhum desses conteúdos caiu na prova.
Já na área de Física, Arthur Casa Nova, professor de Física do Me Salva!, avalia que a prova seguiu as questões da forma como a UFRGS geralmente cobra, na ordem de assuntos que, na visão dele, já é tradicional do vestibular. Mecânica, termodinâmica, hidrostática, física moderna, mas algumas questões chatinhas, principalmente da questão de ondulatória, processo de eletrização e do Experimento de Young.
— Eu diria que ela está no padrão das provas da UFRGS de Física. Não achei uma prova tão difícil assim, mas em comparação com outras provas com as quais os alunos tiveram maior contato, como, por exemplo, o Enem, ela é uma prova bem mais específica, vai cobrar mais algumas partes que o Enem não cobraria — destaca Casa Nova.
Rodrigo Vasques, professor de Geografia do Fleming Medicina, avalia que a prova foi bem contemplativa, tendo uma “abrangência boa” do conteúdo esperado. Além disso, ele destaca que as questões de meio ambiente se sobressaíram no concurso, pegando assuntos como aquecimento global, poluição atmosféricas e o acordo da COP26, bem como questões clássicas, como fuso horário e população do Rio Grande do Sul.
— O aluno que foi bem preparado, ele não teve dificuldades na prova. Não foi surpreendido — pontua Vasques.
Em Biologia, no entanto, o professor Davi Frezza, do Fleming Medicina, diz que a primeira palavra que vem em sua mente ao falar da prova é "surpresa". Segundo ele, o teste foi muito diferente do esperado, principalmente pelo alto nível de dificuldade, tendo sete das 15 questões complexas e com termos que são comumente encontrados na graduação e não no Ensino Médio.
— Se isso acabou nos pegando de surpresa, imagina o aluno que pega uma prova com a nomenclatura pesada. Certamente, será uma prova com uma média baixa — avalia Frezza, que acredita que a UFRGS, ao reduzir as questões, não manteve a proporção de questões fáceis, medianas e difíceis na matéria.