O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, garantiu nesta quarta-feira (10) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) serão realizados normalmente. As duas provas estão marcadas para este mês.
Dupas foi convidado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para dar esclarecimentos após o pedido de exoneração de 37 servidores de carreira – 35 entregaram seus cargos somente na última segunda-feira (8), após apontarem divergências com a atual gestão do órgão.
— A expertise do Inep na realização de avaliações e exames educacionais ultrapassa 30 anos. São fluxos bem maduros e estabelecidos. E, mesmo diante dos desafios e sabendo a magnitude dos exames, reforço que as aplicações estão garantidas — disse Dupas, afirmando que as fases preparatórias foram concluídas e que resta apenas a distribuição das provas.
O Enade, aplicado nas faculdades para avaliar o desempenho do Ensino Superior, está marcado para o próximo domingo (14). Já o Enem será realizado nos dias 21 e 28 de novembro.
— Aproveito a oportunidade para tranquilizar os estudantes brasileiros. Continuem estudando para as provas. Confiram seus locais de aplicação e estejam no horário sinalizado para cada exame. As provas estão prontas e as equipes estão capacitadas. Está tudo certo. Não se preocupem — ressaltou.
Dupas minimizou a interferência dos servidores que pediram demissão na realização dos exames.
— Os servidores que colocaram os cargos à disposição não são em sua totalidade gestores e nem todos estão diretamente ligados ao Enem. Esses servidores continuam à disposição do instituto para exercer as atribuições dos cargos até o momento da publicação do ato no Diário Oficial da União (DOU) — disse.
Os funcionários assinaram um documento eletrônico pedindo a exoneração dos cargos que ocupam atualmente, alegando "fragilidade técnica e administrativa" da atual gestão máxima do Inep. Também se comprometeram a continuar nas funções até a formalização dos desligamentos.
O grupo denunciou ainda supostos casos de assédio moral da direção do órgão. Sobre isso, o presidente do Inep rebateu as acusações, alegando que sempre buscou um ambiente em que os servidores tivessem tranquilidade:
— Não há uma orientação e tampouco ocorreram casos em que eu expus as pessoas que compõem o quadro do instituto em situações constrangedoras e humilhantes no ambiente de trabalho. Não aceito tal conduta e peço que, se ocorrer uma situação do tipo com algum servidor, os casos sejam denunciados.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta semana, o presidente da Associação dos Servidores do Inep (Assinep), Alexandre Retamal, disse que o órgão trabalha de “forma ideológica” e vem sendo atacado pelo próprio Ministério da Educação (MEC), ao qual está vinculado, e pelo governo federal desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019.
— Às vezes, eles (MEC e o governo federal) querem obrigar os servidores a retirar uma questão sem ter justificativa cientifica — disse. — Quem nos acusa de fazer as coisas por ideologia é porque age de forma ideológica — afirmou Retamal.