Em meio a pedidos de demissão no Inep, foram apresentadas na segunda-feira (8), no Conselho Nacional de Educação (CNE) as recomendações para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ser aplicado a partir de 2024. O Estadão teve acesso ao documento que indica que a prova deve ter duas etapas, uma de conhecimentos gerais e outra dividida em quatro áreas profissionais.
A mudança no Enem é uma exigência da lei porque a partir de 2022 as escolas precisam oferecer o novo Ensino Médio, que dará flexibilidade aos alunos para escolher parte do currículo, de acordo com suas preferências e aspirações de trabalho. A nova prova terá, portanto, de avaliar também essa nova formação.
A proposta do parecer da ex-presidente do CNE Maria Helena Guimarães de Castro é que a segunda etapa do Enem seja dividida em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Stem), classificando alunos para cursos das Engenharias, Química, Computação, entre outros; Ciências Sociais Aplicadas, para cursos de Economia, Administração, Direito; Humanidades, Linguagens e Artes, para cursos de Filosofia, História, Pedagogia, entre outros; e Ciências Biológicas e Saúde, para cursos de Medicina, Enfermagem, Meio Ambiente, entre outros.
O documento entra em consulta pública nesta quarta-feira (10) e será votado no conselho em dezembro. Não foi proposta uma prova específica para quem optar por fazer ensino Técnico com o Médio.
Se aprovado, o Inep deve começar a elaborar o exame a partir dessas diretrizes. Com a debandada de segunda-feira, quando mais de 30 servidores pediram exoneração dos cargos, a preocupação de Maria Helena é "como e quando" isso seria feito.
— O MEC precisa se preparar, contratar consultores, fazer investimento em dinheiro e técnico para ter um novo banco de itens (perguntas da prova) — disse.
O parecer diz ainda que a prova pode ter questões dissertativas e não apenas de múltipla escolha.
Maria Helena ouviu secretarias, entidades, universidades e analisou um estudo de experiências internacionais feito pela consultoria Vozes da Educação com apoio do Itaú Educação e Trabalho. Muitos dos países analisados têm uma prova geral e outra com escolha dos estudantes. A maioria tem questões discursivas e algumas orais, como na França e no Reino Unido. China e Alemanha descentralizam a organização do exame, apesar de ele ser nacional.