Educação

Rede pública   

Governo do RS entregou 20% dos computadores prometidos para uso no ensino remoto 

Professores que receberam Chromebook elogiam o equipamento  

Tiago Boff

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Tiago Boff / Agencia RBS
Tatiana e Amanda destacam funcionalidades do equipamento

Se a suspensão das atividades presenciais desafiou o método de ensino nas instituições públicas gaúchas, uma iniciativa foi elogiada pelos professores — ainda que o total de beneficiados esteja abaixo do prometido pelo governo do Estado: o uso de computadores portáteis, entregues gratuitamente em parte das escolas estaduais. 

Os laptops são do modelo Chromebook, fabricados pela Samsung, e operam com o sistema do Google, o Chrome OS. 

— O fato de não ter um grande HD para os arquivos, que estão todos na nuvem, faz ele ficar rápido. Saudade de ter um computador novo assim — descreve a professora Tatiana da Silva Cabral, 42 anos.  

A docente ensina matemática na Escola Estadual Gomes Carneiro, bairro Vila Jardim, na zona norte de Porto Alegre. A instituição foi a primeira a receber as máquinas, contemplando 32 professores, no final de novembro, seis meses após o início das lições remotas para os alunos da rede pública estadual. O computador fica registrado como patrimônio do colégio, cedido aos servidores.  

A promessa da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) era entregar 50 mil equipamentos até o fim de 2020. A meta não foi alcançada: números obtidos pela reportagem de GZH junto ao governo apontam que 10 mil máquinas chegaram ao destino, até o último dia do ano. A nova previsão é chegar aos 100% de computadores distribuídos antes do início do ano letivo de 2021. 

A Seduc informa que já foram comprados, e estão “em processo de entrega”. Os computadores foram adquiridos a partir de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), um investimento de R$ 83,6 milhões. Diretores de alguns colégios estaduais de Porto Alegre apontam ainda não terem uma previsão para receber o item. 

— Ninguém da nossa escola recebeu — diz Maria Élida Vesule da Silva, 54 anos, diretora do Colégio Estadual Otávio Mangabeira, no bairro Camaquã, na Zona Sul.  

Outras três escolas procuradas por GZH não receberam as doações, nos bairros Cruzeiro do Sul, Bom Jesus e Sarandi. 

Fácil de transportar   

Os aplicativos instalados nos Chromebooks são semelhantes aos disponibilizados a usuários do Gmail, com links para navegadores de vídeo, apps para montagem de slides, planilhas e acesso direto ao Google Meeting, ambiente das aulas virtuais. Pela plataforma Classroom, um mural de recados coloca os professores em contato com alunos, com espaço para orientações e esclarecimento de dúvidas. As tarefas são postadas e avaliadas pelo mesmo sistema. A interface é intuitiva, mesmo para usuários do sistema Windows, o mais popular entre computadores pessoais. 

O computador tem entrada USB e drive óptico, para conectar discos externos ou outro dispositivo de armazenamento, além de reprodução de CDs e DVDs. Com tela entre 11 e 15 polegadas, se assemelha a um notebook de pequenas dimensões, pesando pouco mais de um quilo — em torno da metade de um laptop convencional. A bateria chega a até 15 horas de autonomia, quando carregada em 100%, aponta um alerta no computador. 

A facilidade de transporte é uma característica que agrada a professora de português e literatura Amanda Silveira Salgado, 37 anos. Ela não tem outro computador, nem internet de alta velocidade em casa.  

— Como não tenho banda larga, salvo tudo em um pen drive e abro em casa, no próprio Chromebook — explica a docente da Escola Gomes Jardim.  

A professora de geografia Mara Azevedo de Ávila, 52 anos, leciona na Escola Estadual de Ensino Médio Itália, bairro Jardim Itú-Sabará. Ela lamenta que os equipamentos chegaram à instituição apenas na metade do mês de dezembro, com pouca utilidade para o ano vigente. Ainda assim, elogia a compra das máquinas.  

— O equipamento é muito bom, a iniciativa também é muito boa. Estaremos muito bem equipados. Espero poder continuar trabalhado a distância, para nos preservarmos, pois temos relatos de muitos alunos contaminados com a covid — diz. 

Contrária à expressão “ano perdido”, a educadora afirma que seus alunos fizeram trabalhos que ela considerou “maravilhosos”.  

— Produziram vídeos com a ajuda da família, fizeram croquis... Aqui, as escolas remotas funcionaram, sim — diz. 

Alunos receberão equipamentos em 2021 

Além dos computadores para os professores, únicos contemplados até o momento, o governo do Estado prevê a compra de 70 mil Chromebooks para os alunos. A entrega irá ocorrer durante o próximo ano, ainda sem uma data específica, reafirma a Seduc.  

Alguns estudantes contarão com smartphones. Na Escola Gomes Carneiro, duas caixas com celulares da fabricante Xiaomi, modelo Redmi Note 8, já foram entregues, e serão distribuídos em 2021. No verso do aparelho, um código de barras identifica o brasão do Rio Grande do Sul, apontando a posse do eletrônico.  

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