As escolas privadas da Capital começaram a anunciar os índices de reajuste para as mensalidades em 2021. Algumas das maiores instituições já comunicaram que as contas subirão do próximo ano, como Farroupilha (alta de 5,45%) e o Colégio Santa Doroteia (3,15%). A Rede Marista, que tem 19 escolas no Estado, incluindo instituições da Capital como Assunção, Champagnat e Rosário, terá um aumento médio de 4,25%.
Outras instituições, como o colégio Dom Bosco, anunciaram que não cobrarão nenhum tipo de reajuste em razão da pandemia. Uma pesquisa do Sindicato do Ensino Privado do Estado (Sinepe-RS) deverá ser divulgada até o final desta semana congregando uma média das correções das escolas particulares no Estado.
Como a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano deve ficar em 3,45%, conforme o relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central, muitos dos reajustes deverão romper a inflação. Não seria a primeira vez: em 2020, o reajuste médio foi de 7%, conforme o Sinepe-RS, enquanto o IPCA foi de 4,31%.
De 2014 a 2019, as correções das escolas gaúchas acumulam alta de 62,3%, enquanto o IPCA subiu 39,4%. O educador financeiro Fabrizio Gueratto explica que a crise financeira trazida pela pandemia deve reforçar o alerta para que as famílias busquem uma negociação para o reajuste ou equilibrem seus gastos para que a alta caiba no bolso sem comprometer o orçamento doméstico.
— Muitas escolas dão desconto no valor da matrícula ou reduzem os reajustes para pagamento antecipado de algumas das mensalidades, então é importante os pais questionarem se há esta possibilidade — afirma.
Outra sugestão é que as famílias procurem a direção das escolas para analisar a possibilidade de fazer contratos semestrais, e não anuais. Isso porque a pandemia ainda torna incerto o retorno às aulas presenciais, o que pode influenciar na decisão de onde matricular seus filhos - por exemplo, buscar uma escola mais longe de casa e com valores mais baixos caso o ensino seja remoto.
Gueratto explica que as famílias também podem aproveitar a Black Friday para antecipar a compra de material didático, pois poderão aproveitar promoções e ainda escapar da inflação de preços que costuma ocorrer nas semanas que antecipam a volta às aulas.
Reinaldo Domingos, também educador financeiro, afirma que toda renegociação começa pela compreensão do orçamento doméstico e um planejamento de gastos permanentes no longo prazo.
— Com o diagnóstico financeiro em mãos, veja quais gastos pode reduzir ou eliminar para priorizar o pagamento da mensalidade escolar sem comprometer as finanças da família — sugere Domingos.
Neste planejamento, é importante considerar também as despesas intrínsecas à rotina escolar, como uniforme, lanche, material, eventuais passeios, transporte etc.
— Se a conta ficar alta demais, é recomendável marcar uma reunião com o diretor e explicar a situação. Pode ser que se consiga uma bolsa, um desconto, mesmo que temporário, a isenção da matrícula ou mesmo uma condição especial para pagar as mensalidades — complementa.