Dois banners, repletos de imagens, exibem os alunos do terceiro ano do ensino médio em atividades distintas, desde que ingressaram no Colégio João XXIII. Parte frequenta a escola particular, na zona sul de Porto Alegre, desde a infância. O mural, tradicional no semestre final dos estudantes na instituição, foi levado para a rua, em 2020. Ao ar livre também serão as aulas, em gazebos instalados no pátio do colégio, a partir desta terça-feira (10).
— Também nós, professores, nos sentimos mais seguros assim — avalia a professora de História, Patrícia Carvalho.
Um dia antes do retorno anunciado, os educadores apresentaram para as crianças e adolescentes o novo espaço, em uma transmissão virtual. O tour de reconhecimento da estrutura exibiu em detalhes as tendas: com cobertura superior e laterais abertas, arquitetura que amplia a circulação do ar, em comparação com as salas fechadas - recomendação defendida por especialistas para evitar a permanência do coronavírus no ambiente. Os armários seguirão lacrados, assim como o ginásio de futsal, interditado para evitar a aglomeração em um ambiente coberto em todos os lados.
As classes, com distanciamento estendido, foram limitadas a 12 por gazebo, o que vai contemplar metade de cada turma do terceirão, as primeiras a voltarem ao ensino presencial na escola. Na próxima semana, retornam os alunos do Fundamental 1 e 2 e da Educação Infantil. A divisão das turmas atendeu ao critério de afinidade entre os colegas.
De acordo com a diretora do colégio, Márcia Valiati, a adesão ao presencial é facultativa, tanto para alunos quanto para professores, que seguirão o ano letivo em um modelo híbrido. Ao todo, há 980 matriculados, atendidos por 200 profissionais.
— Em todos os encontros realizados, antes da retomada, ficou o pedido de usarmos ainda mais as áreas externas — explica a diretora, enquanto orienta os retoques finais aos trabalhadores.
Na aula ainda a distância, os adolescentes pediram para o tour contemplar áreas que mais sentiam falta, como o campo de futebol e os corredores de acesso aos pavilhões. Além dos professores, participaram da atividade funcionários de apoio educacional e da portaria do prédio, servidores bem quistos pelos estudantes.
Uma pesquisa apontou que entre 50% e 60% dos pais devem mandar seus filhos à escola a partir desta terça.
Ao todo, o colégio contará com quatro gazebos, já prontos, e dois pergolados, ainda em construção. Com escalonamento das séries, as primeiras duas semanas seguirão o que foi definido como “currículo de aproximação afetiva".
Uma reunião, realizada na manhã desta segunda-feira (9), definia os dias para visita à instituição, demanda das famílias que têm interesse em passar a integrar o quadro a partir de 2021. O ano letivo vigente tem previsão de encerrar em 15 de janeiro para os ensinos Fundamental e Médio. Cinco dias depois, finalizam as aulas da Educação Infantil.
A vice-diretora, Rosane Rodriguez, lecionou na escola até a metade de 2019, quando passou a integrar a gestão. Muito sorridente, mesmo com a boca escondida pela máscara, diz ter sido impactada pela distância dos últimos meses.
— Nós viemos à escola várias vezes. Mas faltava isso, o movimento. Agora tem vida, todo mundo trabalhando junto — comemora.
Em caso de chuva, as salas cobertas com maior área construída serão utilizadas, além de parte do saguão do grêmio estudantil. Os locais passam por adaptações, também visando o distanciamento.
O calendário de retomada das aulas proposto pelo governo do Estado já havia autorizado o retorno na rede particular, escalonado por etapas, mas cada escola tinha autonomia para definir postergar ou não. Na Capital, boa parte das escolas já retomaram alguma atividade presencial. Nesta semana, na quinta-feira (12), devem retornar os anos iniciais do Ensino Fundamental na rede estadual, completando o ciclo.