Fazer uma pós-graduação fora do Brasil é um sonho que muitos estudantes podem tornar realidade. Em razão da variedade de universidades, cursos e tipos de formação espalhados pelo mundo, a possibilidade de encontrar uma especialização de acordo com o perfil desejado aumentou nos últimos anos. Só em 2019, 386 mil estudantes brasileiros viajaram para o Exterior com o propósito de estudos, tendo como principais destinos Canadá, Estados Unidos, Irlanda, Reino Unido e Austrália, segundo a Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio (Belta). Houve um aumento médio de 5,8% em 2019 em comparação a 2018.
Antes de iniciar a busca, é necessário que o aluno primeiro identifique seu objetivo, se quer um curso acadêmico ou um profissional. A partir daí, definir o país, quais idiomas sabe falar, em qual se sente confortável para estudar. Depois, fazer a busca pelas universidades para entender como são oferecidos os cursos, montar um rol de pré-requisitos de cada um deles, listá-los e verificar se tem condições de atendê-los.
— Mesmo com todas as restrições, sempre é um bom momento para buscar pós e bolsas de estudo no Exterior. Se o estudante tem interesse, é algo que pode planejar. Não é uma decisão que ele vai tomar de uma hora para outra. Ele precisa se organizar para o futuro — explica a coordenadora executiva do Escritório de Cooperação Internacional da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Carla Camargo Cassol.
— Checar as possibilidades de financiamento, quanto vai custar e se existe chance de bolsa também é um começo — diz a jornalista Bruna Passos Amaral, criadora do site Partiu Intercâmbio, especializado em oferecer dicas e conteúdo para quem quer estudar no Exterior.
Bruna prossegue e dá a dica: economizar e se planejar para o ano que vem.
— Só em candidatura, que é a tradução juramentada, prova de proficiência, envio de documentos, custos em geral, se for nos Estados Unidos, vai gastar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — exemplifica.
Segundo dados do Partiu Intercâmbio, entre julho de 2019 e julho de 2020, o aumento foi de 15% na busca por pós no Exterior na modalidade presencial. Bruna lembra, no entanto, que muitas especializações acabaram virando remotas, pelo menos neste semestre, porque as universidades no estrangeiro, assim como no Brasil, estão tomando medidas de segurança e sanitárias para evitar a propagação da covid-19.
Já a procura por bolsas de estudo no site teve baixa entre março e abril, pico da pandemia, com recuperação em maio e junho, quando cresceu 50%.
Carla Cassol cita os rankings Times Higher Education (THE) e QS World University Rankings (QS) como um bom ponto de partida para encontrar pós e bolsas. Segundo ela, o ideal é que, antes de começar a busca, o aluno tenha definida a sua área de pesquisa e, depois, procure informações no sites da universidade, dos órgãos de fomento do país, de consulados e de embaixadas:
— Existem muitas fake news e, às vezes, o estudante pode se submeter a uma candidatura com bolsa integral, e nem sempre é de fato. É importante buscar estas fontes seguras de informação.
Entre as especializações mais procuradas pelos brasileiros nos últimos anos fora do país, houve o crescimento por cursos na área de ciência e tecnologia: 18% dos estudantes buscam as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Negócios ainda é predominante, sendo a preferência de 23% dos estudantes, segundo a coordenadora de Conteúdo Educacional da Fundação Estudar, Nathalia Bustamante.
— No Estudar Fora, portal da Fundação Estudar, sentimos um aumento bastante considerável, na casa dos 150%, nas buscas por cursos online de grandes universidades, o que pode ser reflexo de o brasileiro procurar educação de forma remota neste período de isolamento social — detalha.
O caminho para a bolsa de estudos
Uma bolsa de estudos em pós pode ser integral ou parcial, oferecida por universidades, instituições e governos, dependendo do edital de cada um. Para se candidatar, é necessário ter um segundo idioma — preferencialmente inglês, tido como o idioma da academia —, além de um bom projeto de pesquisa e um currículo consistente.
Conforme Carla Cassol, as bolsas normalmente são oferecidas a partir do critério de meritocracia. Os alunos com melhor rendimento na sua trajetória acadêmica têm mais chances. Na pós, vai depender do edital, da disponibilidade de recurso da universidade ou do país.
— Quanto mais procura tem, mais limitada fica a oferta. Mas se a pessoa quiser estudar no Exterior, em qualquer país, existem muitas possibilidades — reforça.
Cinco vantagens da pós-graduação em outros países
- Ter uma experiência internacional. Isso é muito valorizado no mundo do trabalho porque desenvolve perspectivas internacionais, tornando o profissional mais qualificado para o mercado de trabalho.
- Criar competências internacionais. Assim, o estudante estará mais preparado para trabalhar e viver num mundo global e interconectado.
- Estimular uma aprendizagem técnica e criar uma consciência de cidadania global.
- Construir uma carreira internacional.
- Desenvolver habilidades como resiliência, capacidade de adaptação e flexibilidade à mudança.
Fontes: Carla Camargo Cassol, coordenadora executiva do Escritório de Cooperação Internacional da PUCRS, e Bruna Passos Amaral, jornalista e criadora do site Partiu Intercâmbio