As rotinas estão diferentes: cada brinquedo usado é limpo repetidas vezes antes de voltar para a caixa, os sapatinhos são deixados do lado de fora da sala e um cartaz na porta anuncia as medidas do ambiente e a capacidade máxima de pessoas permitida. Foi assim que uma escola de Educação Infantil de Lajeado, no Vale do Taquari, se adaptou à nova realidade para retomar, nesta terça-feira (15), as atividades presenciais, que estavam suspensas desde março.
De mãos dadas com os pais, Thomás Fenner Rech, dois anos e oito meses, dava pulinhos antes de adentrar na Escola de Educação Infantil Garatuja, no bairro Moinhos. Acostumado a frequentar escolinhas desde os sete meses, o menino precisou se readaptar à rotina de isolamento em casa.
— O Thomás sempre gostou de ir para escola. Sempre teve uma adaptação muito boa. Então, ele sentiu muita falta do convívio com outras crianças, do contato diário com as professoras. Foi bem difícil — conta a mãe, Michelle Fenner.
— Ele ficou muito feliz em voltar — completa.
Quem também estava empolgada com o retorno era Angelina Conte, de dois anos e 11 meses. De acordo com o pai, Célio Roberto Francisco, a menina pulou da cama às 6h.
— Ela estava ansiosa para voltar para a escola. Durante esse período, a gente tentou manter contato com os amiguinhos por aplicativos de conversa — diz o executivo de vendas.
Onze escolas autorizadas a reabrir
O tempo longe do convívio olho no olho — de março até agora —, embora difícil para as crianças e para os pais, foi de evolução. Angelina, segundo o pai, cresceu muito nesse período:
— Até comentei com a professora. Cada dia saindo com uma coisa nova!
Ainda no colo na mãe, Adriana Fich, Levi, de dois anos e meio, observava a escolinha como se fosse algo novo. No decorrer desses meses, a família precisou se readaptar. Os turnos dos pais foram adequados às rotinas dos filhos. Ainda assim, a advogada buscou manter os hábitos de horário e alimentação semelhantes aos da escola:
— Foi um período bem de aprendizado, de mudança, de adaptação, mas sempre com fé que ia dar tudo certo.
Totalmente adequada ao "novo normal", a Garatuja é uma das 11 escolas de Educação Infantil privadas autorizadas pela prefeitura de Lajeado a abrir as portas. Desde que recebeu o aval da administração pública, a proprietária, Luiza Helena Ramos Schwingel, investiu em toda a higienização e na desinfecção da estrutura.
As salas receberam identificação de capacidade máxima permitida, e as crianças precisam trocar os calçados ao ingressarem na sala de aula. Antes de entrarem no prédio, os pequenos têm a temperatura aferida e passam álcool em gel nas mãos.
— Hoje, estamos retornando com 15 crianças. Em outubro, teremos 35. Aos poucos, vamos recuperando — diz Luiza, que antes da pandemia trabalhava com cerca de 80 crianças.
Em clima de muita felicidade, os funcionários do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo também receberam os alunos. A instituição, que atende crianças de três, quatro e cinco anos, reabriu as portas para 41 estudantes.
— Foi incrível. Todos felizes, um clima sensacional — comemora o diretor Edson Wiethölter.
A Caracolá também voltou às aulas, operando com cerca de 50% dos alunos (aproximadamente 50 crianças). A Quintal Criativo está atendendo apenas alunos na parte de recreação.
Outra escolinha que reabriu foi a Sementinha. Dos 65 alunos matriculados antes do fechamento, 27 retornaram nesta terça-feira. Na Sesquinho, as atividades ocorrem de forma escalonada: algumas turmas vão nas segundas e nas terças, enquanto outras nas quartas e nas quintas. Ao todo, são quatro turmas, com, no máximo sete crianças cada.
A reportagem não conseguiu contato com Brincarolá, Arco-Íris, Dente de Leite e Educatus, que também foram autorizadas a retomar as aulas. As aulas na rede pública de ensino de Lajeado devem ocorrer apenas em outubro.