Sem acreditar que por meio de uma vaquinha online seria possível conseguir os R$ 21 mil que precisava para embarcar para os Estados Unidos, onde foi aprovada em seis programas de mestrado, Larissa Migotto, 22 anos, criou também uma rifa e começou a vender doces na região da Usina do Gasômetro, na Capital, para arrecadar o valor. Porém, a mobilização feita com a vaquinha não só alcançou a meta — equivalente a US$ 5 mil, necessários para pagar o seguro-saúde obrigatório — como a ultrapassou. Até as 15h desta quinta-feira (4), o valor arrecadado passava de R$ 33 mil.
— Jamais imaginei que passaria tanto daquele objetivo. Na verdade, achei que não iria nem chegar no objetivo — afirma a jovem, que embarca em agosto para estudar na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign.
Formada em Relações Internacionais pela Unisinos — por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni) — a jovem moradora do Centro Histórico de Porto Alegre participou do Programa Timeline da Rádio Gaúcha na terça-feira (2). Sua história também foi publicada em GaúchaZH e na edição impressa de Zero Hora, incluindo a coluna de David Coimbra.
Larissa conta que a repercussão foi grande. Antes da entrevista na rádio, por exemplo, a vaquinha contava com R$ 7 mil. Até o fim daquele mesmo dia, já tinha alcançado os R$ 21 mil. Mesmo assim, muitas gente continua doando, entrando em contato para parabenizá-la e perguntar sobre a inscrição nos programas.
— A minha ideia de ter ido na rádio era, em primeiro lugar, obviamente, para conseguir o dinheiro. Mas, em segundo lugar, era mostrar que existem essas oportunidades, porque, muitas vezes, elas não têm grande divulgação e as pessoas acabam não encontrando. Eu estou muito feliz e muito grata por todo mundo que fez essas doações — diz a estudante.
Minha ideia era mostrar que existem essas oportunidades, porque, muitas vezes, elas não têm grande divulgação e as pessoas acabam não encontrando.
LARISSA MIGOTTO
Estudante
"Agora, consigo ir mais tranquila"
Larissa vai fazer mestrado com bolsa de estudos integral na Universidade de Illinois, além de trabalhar como assistente docente na disciplina de Introdução à América Latina. Ela vai auxiliar a professora titular na correção de avaliações e dar aulas uma vez por semana.
Como a gaúcha vai receber um salário durante os nove meses do ano acadêmico, ela já tem planos para o valor "extra" arrecadado na vaquinha: usar o dinheiro para se manter nos três meses de férias, caso não consiga um trabalho no período e, se possível, visitar a família que vai ficar no Brasil.
— Eu tinha uma insegurança financeira bem grande. Além da questão do seguro-saúde, eu estaria sem ter a garantia de que teria alguma renda nesses três meses (de férias). Agora, eu consigo ir muito mais tranquila. Eu também não conseguiria voltar para o Brasil nas férias de verão para visitar minha família. Agora, existe essa possibilidade, então estou bem feliz com isso.
Além do aspecto financeiro, a jovem destaca a repercussão do seu caso. Larissa afirma ter recebido mensagens de pessoas de todas as idades que a apoiaram e sentiram-se motivadas para voltar a estudar:
— A repercussão é demais e o pessoal é muito querido comigo. O povo brasileiro é muito solidário. Eu sempre pensei isso, mas, agora, tenho ainda mais convicção.
Recompensa em forma de livro digital
Quem faz doações na vaquinha — independentemente do valor — recebe, como recompensa, um e-book (livro digital) escrito por Larissa com dicas para quem deseja estudar fora do país. No início, a ação era divulgada apenas entre os amigos da estudante, e o volume de doações era baixo. Por isso, a ideia de vender os doces.
Agora, Larissa vai dar uma pausa na atividade para focar nos aspectos burocráticos para a viagem, como visto e compra de passagem, além de aproveitar mais tempo com sua família.
— Como eu vendia os doces no final de semana, ficava quase inteiramente nessa função e não conseguia passar muito tempo com eles — finaliza.