O desafio da gestão de empresas, das pequenas às grandes, passa pela produtividade e pela qualidade do serviço entregue ao cliente. O que garante isso não é o tipo de produto nem o capital – a capacidade de gerir os recursos humanos e oferecer as melhores condições de trabalho é que faz a maior diferença.
Desde 2011, o ranking “Melhores Empresas para Trabalhar no Rio Grande do Sul” certifica quem oferece o melhor ambiente corporativo. A premiação é promovida pelo Great Place To Work (GPTW) em parceria com o Grupo RBS e ocorreu na noite de quinta-feira (22). Neste ano, 14 novas empresas figuram entre as três categorias: Pequeno, Médio e Grande Porte.
As avaliações das premiadas cresceram em todos os quesitos na comparação com o ano passado. Nas práticas de gestão, a distância das empresas gaúchas em relação ao cenário nacional diminuiu. Para os diretores do GPTW no Estado, o número de inscritos – 60% maior em relação a 2017 – aumentou a competitividade e elevou o parâmetro de comparação. Além disso, as empresas vencedoras também obtiveram pontuações superiores nos cinco quesitos de confiança: credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem.
— O trabalho do GPTW existe para subir a régua de qualidade na gestão dos negócios por meio das melhores práticas junto às pessoas da organização. Quando há uma preocupação genuína de construir relações de confiança, os resultados são surpreendentes, tanto para os trabalhadores quanto para os negócios — afirma Kelly Bitencourt, diretora-executiva do GPTW no Estado.
Oferecer um excelente espaço de trabalho reflete na qualidade do produto, na rentabilidade e na capacidade de atrair melhores profissionais, além de aumentar a retenção de talentos nas empresas. Por isso, o ranking valoriza quem investe na diversidade de seus funcionários. O resultado é perceptível: 96% dos entrevistados concordam que as pessoas são bem tratadas no ambiente corporativo independentemente de orientação sexual, gênero, etnia ou idade.
A diversidade, ainda assim, é um desafio. Entre as empresas premiadas, existem apenas duas mulheres em cargos executivos. Para Kelly, o mercado exige que as empresas sejam diversas, o que é positivo para as pessoas e traz bons resultados para os negócios. Esse quesito também vale para as faixas etárias: as empresas ainda carecem de funcionários sêniores (acima de 55 anos), que representam apenas 4% do total.
— As empresas que olham para a diversidade e a cultura da organização costumam ser mais abertas. É simples: quando há pessoas iguais que pensam igual, a tendência é não ter uma empresa tão inovadora — afirma André Bersano, diretor de relacionamento do GPTW.
A forma com que as empresas lidam com a força de trabalho reflete nos resultados econômicos ao enfrentar a crise. Apenas uma das 45 organizações premiadas passou por demissão em massa.
— Ao compararmos o resultado financeiro de empresas premiadas com o resultado de crescimento do PIB, a gente percebe, ano após ano, que empresas que cuidam das pessoas e do ambiente de trabalho crescem acima da média do mercado. A crise econômica pesa menos para quem valoriza os recursos humanos — aponta Bersano.
Apesar de 12 setores econômicos constarem no ranking, há uma prevalência de empresas de tecnologia entre as premiadas. Para os diretores do GPTW, isso reflete a competitividade do setor por profissionais de qualidade e também o fato de o Estado ser um polo de tecnologia, que exige oferta de benefícios aos trabalhadores.
Como funciona
- Criada nos EUA em 1991 e aplicado no Estado desde 2011, a consultoria GPTW está presente em 60 países e tem o objetivo de divulgar bons exemplos e estimular companhias a melhorar seus ambientes corporativos.
- Para participar, a empresa precisa ter no mínimo 30 funcionários, com sede ou CNPJ no Estado. Após a inscrição no GPTW, uma pesquisa com 58 questões quantitativas e duas questões qualitativas é aplicada aos colaboradores, medindo o índice de confiança dos funcionários (Trust Index). Se a pontuação atingida for igual ou maior do que 70%, a empresa tem um mês para entregar documentos complementares e um relatório de práticas culturais de gestão em nove áreas, pesando um terço da pontuação total.
- As organizações com as maiores pontuações são reconhecidas entre as “Melhores Empresas para Trabalhar no Rio Grande do Sul” em três categorias: Pequeno (de 30 a 99 funcionários), Médio (de 100 a 999 funcionários) e Grande Porte (acima de 1 mil).