Muitos estabelecimentos gaúchos já estão adaptados ou precisarão apenas de pequenos ajustes para ficar em sintonia com a lei das cantinas, que vai banir dos bares e lancherias de escolas as frituras, os refrigerantes e outros alimentos prejudiciais à saúde.
Alguns desses colégios promoveram modificações na semana passada, quando o governo do Estado anunciou erradamente que a nova legislação já estava valendo, mas a oferta de um cardápio saudável vem ocorrendo há anos, de forma gradual. Por isso, afirma Osvino Toillier, presidente em exercício do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), a transição promete ser tranquila.
— É bem possível que sejam necessários alguns ajustes. Como não havia uma lei, pode haver cá e lá alguma situação em desacordo, mas não fomos pegos de surpresa. Trabalhamos nisso há muito tempo. No início dos anos 2000, já tínhamos uma parceria com o Ministério da Saúde em um projeto de cantinas saudáveis. De certa forma, o que a lei está prevendo já é prática habitual nas escolas. Elas já estão nesse caminho, foram se conscientizando — observa Toillier.
Uma das escolas que já se adaptaram é o Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre. Nesta terça-feira, GaúchaZH visitou uma das cantinas da instituição, que na semana passada fez as últimas adequações, depois de ser levada a crer, por causa da desinformação originada no governo do Estado, que a lei já estava valendo. O estabelecimento eliminou os salgados fritos, começou a usar óleo de palma na cozinha e passou um pente fino em produtos industrializados, banindo aqueles com mais de 10% de gorduras saturadas. De chocolates, por exemplo, restaram duas marcas na prateleira.
— Quando começaram a falar da lei, nós nos antecipamos. Já havíamos retirado chicletes, refrigerantes, pirulitos e salgadinhos. Desenvolvemos muitas opções saudáveis — contou a nutricionista da cantina, Juliana Armiliato.
O resultado é uma lancheria muito diferente daquelas que as gerações anteriores conheceram. Em lugar das frituras, entraram os salgados assados. Com o banimento dos refris, a variedade de sucos naturais pulou de três para seis. Saladas com proteína (de ovo, de carne ou de frango) passaram a ser oferecidas como refeição. Um sushiman trabalha em regime integral para confeccionar sushis e temakis. Na ala dos doces, há espetinhos de frutas e bolos com pouco açúcar e sem nenhuma cobertura. Como muitos alunos são vegetarianos, há uma ampla oferta de lanches sem carne.
As amigas Maria Antônia Saldanha e Luísa Franche, ambas de 16 anos, são fãs do suco verde, um campeão de vendas feito com couve, limão, maçã, laranja e abacaxi. Maria Antônia, vegetariana há quase um ano, também é fá dos salgados integrais. Ela observa que alimentação saudável não é dieta, é um hábito. Luísa elogia a opção por um cardápio mais benéfico à saúde:
— O colégio é um espaço de aprendizado, não só cognitivo, mas também de alimentação — diz ela.
São quatro cantinas e um restaurante no Rosário. Maurício Coloniezzi Erthal, vice-diretor da instituição, afirma que, mesmo sem uma legislação, a escola já caminhava há pelo menos dois anos para que os estabelecimentos oferecessem apenas opções saudáveis. O vice-diretor observa também que a escola passa orientações sobre os lanches que as crianças trazem de casa, com foco principalmente nas menores.
— A escola está procurando formar hábitos. Sempre falamos de alimentação saudável. A legislação, para nós, é consequência de um trabalho já realizado — diz.