O Conselho Nacional de Educação (CNE) deve modificar o trecho da base que fala sobre os itinerários formativos no Ensino Médio - os diferentes caminhos que poderiam ser escolhidos pelos alunos para focar em uma determinada área do conhecimento.
O documento divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) traz apenas duas páginas sobre o tema, que foi uma das propostas mais defendidas pelo governo como forma de tornar o Ensino Médio mais atraente.
— Não há proposta de base para os itinerários. Isso é um erro. Será uma parte do currículo que não se levará a sério. É preciso corrigir isso via CNE, ouvindo secretários, professores, especialistas e estudantes — disse o conselheiro Cesar Callegari.
O pouco destaque dado aos itinerários também foi criticado pela presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, Anna Helena Altenfelder.
— A grande preocupação é que, quando se dá grande autonomia aos Estados, pode-se acirrar o problema da desigualdade. Alguns Estados têm mais recursos e condições. É importante que o CNE acompanhe, com resoluções e pareceres, para deixar assegurada a garantia desse direito a todos.
A especialista lembrou ainda de críticas que haviam sido feitas na época em que os caminhos formativos foram anunciados.
— Sabemos que existem regiões com dificuldades em ter professores de uma determinada disciplina. Os itinerários serão determinados pelo interesse dos alunos ou pela disponibilidade dos professores? E como resolver a questão dos municípios que têm uma só escola (a maioria dos municípios)? De que forma será feita essa oferta de diferentes itinerários?
Possibilidades
O documento aponta que os itinerários "devem ser reconhecidos como estratégicos para a flexibilização da organização curricular do Ensino Médio, possibilitando opções de escolha aos estudantes". Há destaque para a ideia de "romper com a centralidade das disciplinas nos currículos e substituí-la por aspectos mais globalizadores que abranjam a complexidade das reações existentes entre os ramos da ciência no mundo real". No fim desse trecho, o documento aponta possibilidades de itinerários, como laboratórios, oficinas, clubes, observatórios, incubadoras, núcleos de estudos e núcleos de criação artística.
Guia
O MEC diz que vai preparar um guia para os itinerários formativos, direcionado para Estados e municípios. A expectativa é de que esse material comece a ser planejado nos próximos meses. Em nota, o ministério afirmou que a escola flexível "favorece" a equidade em ambientes diversos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.