O número de mestres e doutores tem crescido ano a ano no Brasil. Com cada vez mais alunos ingressando na graduação, a demanda por professores qualificados - e a vontade dos profissionais, ligados ou não à pesquisa, de se destacarem - vem aumentando. Não é só nos laboratórios e salas de aula das universidades: fora da academia, esses títulos também estão ganhando importância.
Com a valorização que traz ao currículo, a pós-graduação passou a ser uma das opções mais procuradas por aqueles que decidem se especializar. No Rio Grande do Sul, a taxa de formação de mestres (número a cada 100 mil habitantes) foi a maior do país nos últimos 15 anos, conforme uma pesquisa desenvolvida pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). A quantidade de mestres formados aumentou 165% entre 2000 e 2013, e a formação de doutores cresceu 320% no mesmo período - porcentagem que impressiona, mas ainda deixa o Estado atrás de São Paulo.
Conheça as diferenças entre o mestrado profissional e o acadêmico'
Motivos para tanta procura não faltam: o diretor de pesquisa e pós-graduação da Unisinos, Alsones Balestrin, aponta que o aumento salarial médio para quem obtém mestrado ou doutorado é significativo, seja na universidade ou fora dela. Entre executivos, acrescenta, a diferença chega até 100%. E, mesmo que em muitas empresas o título ainda não signifique maior remuneração de imediato, o envolvimento com a pesquisa costuma ser valorizado em processos de seleção.
Especialização, MBA ou mestrado: qual pós-graduação escolher?
- Quem planeja assumir cargos de liderança em uma empresa já entende que a graduação e mesmo uma especialização não são mais suficientes. Além da universidade, o mercado de trabalho também está exigindo um nível de qualificação maior - garante Balestrin.
O número de mestres e doutores formados no país mais que quadruplicou entre 1996 e 2011, chegando a 55 mil pessoas, segundo a última pesquisa sobre o tema divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ainda que tenham espaço em setores diversos, o maior índice de empregos está mesmo na educação. O estudo mostra também que há mais mestres no mercado de trabalho não acadêmico do que doutores - ou seja, o caminho natural de quem tem doutorado acaba sendo as universidades.
RS é destaque na pós-graduação
Nas universidades, a oferta vem acompanhado a demanda: novos programas de pós-graduação têm sido criados a cada ano, e o ingresso só aumenta. Quem dá o primeiro passo na pós-graduação geralmente não para por aí. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), por exemplo, viu pela primeira vez o número de doutorandos superar o de mestrandos neste ano.
- Temos observado uma procura bastante grande por esses programas, há uma tendência na busca por maior qualificação. Mas, ainda assim, estamos muito aquém de outros países nesse quesito - observa Eleani Maria da Costa, coordenadora dos programas de pós-graduação em stricto sensu da PUCRS.
O Rio Grande do Sul é um dos Estados que despontam como centros de pós-graduação no Brasil - posição em que tem se mantido estável, ao lado de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, desde 1998, quando esses dados passaram a ser compilados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na última década, Paraná e Santa Catarina fizeram com que a Região Sul inteira se somasse à Sudeste como polo de formação de mestres e doutores.
RS tem bom desempenho em mestrado e doutorado
- Esses são os Estados mais industrializados do país e, assim, demandam uma mão de obra muito capacitada. Além disso, existe uma relação, ainda que não direta, entre academia e economia: quanto mais complexa ela se torna, mais exige especialização - afirma o economista e pesquisador da FEE Lívio Luiz Soares de Oliveira.
Tamanha oferta acaba atraindo estudantes de outros lugares do Brasil. Como as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm menos programas de pós-graduação disponíveis, muitos daqueles que desejam fazer um mestrado ou doutorado acabam vindo para o Sul e o Sudeste. Na Unisinos, por exemplo, cerca de 25% dos alunos de pós são de fora do Estado.
Onde estão os matriculados