Após desaceleração brusca em maio, durante o pico da inundação, a venda de veículos novos voltou a retomar fôlego no Rio Grande do Sul. O Estado registrou o emplacamento de 11,7 mil automóveis e comerciais leves zero-quilômetro em junho, segundo dados apresentados, nesta segunda-feira (8), pelo Sincodiv-RS/Fenabrave, entidade que representa concessionárias e distribuidoras. No quinto mês do ano, além dos problemas logísticos e econômicos, o registro de novos veículos ficou interrompido durante alguns dias diante da interrupção de serviços do Detran-RS. Integrantes do setor afirmam que a reação é uma reposta ao gargalo gerado em maio no setor.
As vendas de junho superam em 206,88% o total de emplacamentos de maio (3.821) e em 25,25% o montante comercializado em junho do ano passado. No semestre, o Estado acumula alta de 7,14% ante o mesmo período de 2023.
O presidente do Sincodiv-RS/Fenabrave, Jefferson Fürstenau, disse que o setor não esperava crescimento nessa proporção em um resposta tão rápida. Além de uma demanda reprimida de maio, o dirigente afirma que fatores ligados a financiamento ajudaram o setor:
— Além dos fatores que a gente falou aqui, venda represada e a indenização dos seguros, tem uma flexibilização no crédito. Ou seja, o consumidor está tendo acesso a um crédito, tem uma competitividade, taxa Selic já caiu em relação ao ano passado, então isso ajuda a fomentar o mercado de automóveis.
Na comparação com o país, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves no Estado avançaram mais na comparação com maio deste ano e junho de 2023. Já no acumulado do semestre, a média nacional cresceu mais (15,26%).
Próximos meses
O presidente do Sincodiv-RS/Fenabrave estima que o setor, levando em conta todos os tipos de veículos, cresça entre 7% e 8% neste ano no Estado. Na parte de automóveis e comerciais leves, essa expansão pode chegar a até 10%, segundo Fürstenau. No entanto, ele reforça que a ajuda do governo federal precisa chegar ao Estado para concretizar essas projeções:
— Nós precisamos muito da liberação desses recursos do governo federal com juros subsidiados. Isto, sim, vai fazer com que o mercado continue crescendo.
Fürstenau afirmou que o Estado segue na nona colocação no ranking de participação na venda entre os Estados no país desde maio diante dos efeitos da inundação. Essa queda preocupa, mas o dirigente estima recuperar pelo menos a oitava colocação até o fim do ano. O presidente também afirmou que o ramo segue confiante na recuperação e prepara o primeiro feirão de empregos do setor automotivo, que será realizado em agosto.
Sinais da recuperação
Um dos sinais da retomada do setor é observado na Rua Edu Chaves, na zona norte de Porto Alegre. Na manhã desta segunda-feira (8), o movimento era normal na área, com maior parte das concessionárias funcionando e circulação de clientes. Cenário bem diferente de maio, quando a água seguia estacionada na região, impossibilitando a abertura das empresas. Junto das avenidas Sertório e Ipiranga, essa região é um dos principais corredores de concessionárias de veículos na Capital.
Gestor de vendas na Lyon Citroën e Peugeot, Ariel Biavati, afirma que a concessionária passa por esse momento de maior busca por veículos zero-quilômetro pós-inundação. Como alguns dos clientes perderam o carro na enchente, essa demanda maior acaba afetando o mercado de seminovos, segundo Biavati:
— Isso fez também com que o nosso número de usados baixasse. Muitos clientes não tinham usado para colocar no negócio, e sim poder aquisitivo para compra.
Na Rua Edu Chaves, parte das concessionárias trabalhavam com mobiliário emergencial e passavam por ajuste fino em reformas realizadas em razão dos estragos causados pela enchente. Mesmo assim, os locais funcionam dentro da normalidade. Do lado de fora, alguns poucos muros de outros prédios na região ainda contam com as marcas da água, que ultrapassou um metro em alguns pontos.
Na concessionária da Jeep, do Grupo IESA, o movimento entre funcionários e clientes ocorria em um salão onde parte do piso ainda recebia acabamento. O serviço não atrapalhava o atendimento no local. Alexandre Barbosa, diretor comercial do Grupo IESA, afirma que a companhia apresentou números acima de períodos normais na reabertura:
— No mês de junho, fomos as primeiras lojas a abrir aqui, para poder aproveitar o mês inteiro. E tivemos um crescimento de 28% de vendas em relação ao período antes das inundações.