Foi a pandemia que fez o morador do bairro Bom Jesus, na Capital, Miro Silva, 33 anos, perceber que a inclusão digital na periferia – ou a falta dela – era um problema mais grave do que parecia ser. Fundador da Persepolis Escola Livre, iniciativa que promove a inovação e educação socioambiental na periferia, ele viu se agravar uma dificuldade bastante conhecida.
– Já tinha esse olhar de quem também é da periferia e sabia que as pessoas tinham obstáculos de acesso à tecnologia. Mas percebi que, quando a covid-19 chegou, os jovens não acessavam. Eles não tinham como acessar – recorda.
Diante do problema, decidiu, então, criar, sob o guarda-chuva do próprio empreendimento, o programa “Quebrada Conserta”. Nele, jovens da periferia trabalham no recondicionamento de peças consideradas lixo eletrônico, transformando-as em componentes úteis e funcionais ao mesmo tempo em que aprendem as técnicas necessárias para o processo.
– Incluímos e, ao mesmo, tempo oferecemos uma formação. Evitamos o descarte e ainda fomentamos a economia circular. Nossa proposta é montar e apresentar o primeiro computador recondicionado – explica.
A nossa visão de futuro é ampliar essa ideia como uma política pública real, em que cada escola possa trabalhar isso, aumentando a inclusão e diminuindo a obsolescência programada (uma espécie data de validade) dos computadores.
MIRO SILVA
Fundador da Persepolis Escola Livre
Os trabalhos, que atualmente envolvem 15 jovens do Bom Jesus – mas já beneficiaram por volta de 300 –, ocorrem em um laboratório e extrapolam os limites do puro recondicionamento. Tópicos como cultura e arte são inseridos nos ensinamentos e se materializam em equipamentos decorados com pinturas, uma saída encontrada para que os alunos se expressem artisticamente.
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*Produção: Guilherme Jacques