Após leve tombo em abril, o setor de serviços voltou a registrar avanço no Rio Grande do Sul em maio. O volume de serviços prestados cresceu 2% no quinto mês do ano no Estado. O desempenho é superior à média nacional, que ficou em 0,9% no mês. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quarta-feira (12).
No acumulado do ano, o setor anota alta de 7,5% no RS. Em 12 meses, o crescimento é de 8,2%. Em ambos os cenários, o resultado gaúcho também ocorre acima da média nacional.
Os dados da PMS não detalham o avanço mensal por segmentos de serviços no âmbito estadual, apenas na variação anual e nos acumulados. No agregado de 2023, transportes (11,1%) e serviços de informação e comunicação (9,4%) estão na dianteira olhando pelo lado do volume de serviços (veja mais abaixo). Analisando pelas receitas nominais, os ramos de serviços prestados às famílias (18,1%), que engloba algumas atividades como restaurantes e hotelaria, e de transportes (13,9%) lideram.
O gerente da PMS no IBGE, Rodrigo Lobo, afirma que avanços no ramos de telecomunicações, transporte de cargas e aéreo de passageiros no Estado ajudam a explicar o desempenho acima do registrado no país em maio. Lobo destaca a importância da agropecuária dentro da economia do Estado, que acaba respingando no setor rodoviário diante da necessidade de transportar a produção:
— Com essa maior produção de grãos, tem de haver um escoamento desses produtos. E isso ocorre em grande medida pelo transporte rodoviário de cargas. Então, no Rio Grande do Sul, isso também aparece como um fator significativo.
Lobo lembra que, além das cargas, o setor de transporte também pega outros ramos, como o de passageiros por via aérea, que se beneficiou de passagens mais baratas no período.
Lobo explica que, com o dado de maio, o setor de serviços no RS está 15,6% acima do patamar pré-pandemia, medido em fevereiro de 2020, mas 4,3% abaixo do melhor resultado na série histórica, observado em abril de 2014. O pesquisador afirma que o fato de o Estado não recuperar o pico, movimento observado na média nacional, está ligado ao setor de tecnologia da informação. A maior parte das receitas de TI estão alocadas em São Paulo. Isso infla os resultados do país em patamar acima do observado no Estado, segundo o especialista.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Sérgio Mário Gabardo, afirma que não observa crescimento na mesma magnitude no dia a dia do setor de cargas no Estado. No entanto, também reforça que o escoamento da safra, que foi melhor em relação à observada no ano passado, marcada por estiagem mais severa, pode ter peso no avanço deste ano. Para os próximos meses, ele cita preocupação do setor diante de aumento nos custos de transporte, com seguro mais caro e mudanças nas lei dos caminhoneiros. Segundo o dirigente, esses movimentos podem travar o setor:
— Tudo isso desmotiva o transportador a continuar. Ele transporta ainda apenas aquilo que está dentro das possibilidades.
País
Em maio, o volume de serviços no país cresceu 0,9%, após o recuo de 1,5% no mês anterior. Com o resultado, o setor opera 11,5% acima do patamar pré-pandemia, que usa fevereiro de 2020 como referência, e 2% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em dezembro do ano passado. No acumulado do ano, a expansão é de 4,8%, enquanto em 12 meses o avanço foi de 6,4%.
Entre as cinco atividades analisadas na PMS, quatro avançaram em maio. O maior impacto sobre o índice geral ficou por conta do setor de transportes, que cresceu 2,2%, recuperando parte da perda de 4,3% anotada em abril.
Houve expansão no volume de serviços em 24 unidades da Federação. Mato Grosso (22,5%), Rio de Janeiro (3,4%), Minas Gerais (2,6%), Rio Grande do Sul (2%) e Goiás (5%) registraram as maiores influências sobre o resultado geral.