O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (17) trouxe melhora na projeção de crescimento econômico para este ano e estabilidade para a estimativa de inflação. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 2,19% para 2,24%, contra 2,14% há um mês.
Para 2024, o Relatório Focus também mostrou melhora na estimativa de crescimento do PIB, de 1,28% para 1,30%, ante 1,20% de um mês atrás.
Em relação a 2025, a mediana variou de 1,80% para 1,88%, ante 1,80% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que avançou de 1,88% para 1,90%, contra 1,99% de um mês atrás.
No fim de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Mas o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o resultado pode ficar mais perto de 2,5%. No Banco Central (BC), a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
IPCA
Após a deflação de 0,08% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, a expectativa inflacionária para 2023 ficou estável em 4,95% no boletim desta segunda-feira. Um mês antes, a mediana era de 5,12%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção continuou em 3,92%. Há um mês, era de 4%.
Considerando somente as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,90% para 4,92%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta seguiu em 3,83%, considerando também 60 atualizações no período.
Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 passou de 3,60% para 3,55%. Por outro lado, houve manutenção na estimativa para 2026, em 3,50%. Há um mês, ambas as projeções eram de 3,80%.
No fim de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.
Com a manutenção do patamar de 3,0%, se encerrou a dúvida que trazia ansiedade ao mercado financeiro desde o início do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou questionamentos sobre se esse nível seria adequado à economia brasileira. A incerteza sobre o tema era apontada pelo BC como principal fator a explicar a "desancoragem" das expectativas de inflação em prazos longos, como 2025 e 2026.
As projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.
Meses
Os economistas do mercado financeiro atualizaram no boletim desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,22% para 4,20%, de 4,18% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Lula irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defende a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.
Dívida/PIB
O Boletim Focus mostrou um cenário de alteração nas projeções para as contas públicas este ano na edição publicada nesta segunda. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 passou de 60,60% para 60,52%, ante 60,60% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, contra 1,01% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano recuou de 7,70% para 7,64% do PIB, de 7,77% há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
2024
Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida ficou estável, em 64,00%. Há quatro semanas, a expectativa era maior, de 64,20% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80%, longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). O déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais já estavam nesse patamar.
Déficit em conta corrente
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.
A projeção deficitária seguiu em US$ 43,07 bilhões, ante US$ 45,29 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit continuou em US$ 50,40 bilhões, ante US$ 51,02 bilhões há quatro semanas.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 64 bilhões para US$ 65 bilhões, contra US$ 61,15 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária subiu de US$ 57,85 bilhões para US$ 60 bilhões, de US$ 57,80 bilhões quatro semanas antes.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 passou de US$ 79,50 bilhões para US$ 80 bilhões, de US$ 79 bilhões há um mês. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80 bilhões pela 24ª vez.