Representado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Brasil participará da cúpula do Grupo dos Sete (G7) em Niigata, Japão. A reunião do G7 Financeiro, composto pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Japão, acontece nesta sexta-feira (12). No sábado (13), Haddad retorna ao Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, irá a Hiroshima na semana que vem para o G-7 presidencial. Em ambos os encontros, o Brasil participará na condição de convidado.
Em conversa com jornalistas após o encontro, Haddad disse ter manifestado à secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, a disposição do Brasil em se aproximar mais dos Estados Unidos. Os dois se encontraram nesta quinta-feira (11) na cidade-sede do G-7 financeiro.
Haddad destacou que Yellen não faz "objeções" à aproximação do Brasil com a China, apesar das tensões sino-americanas.
— Uma das coisas que a secretária deixou claro é que ela não faz nenhuma objeção aos acordos comerciais que o Brasil faz, com a aproximação do Brasil com a China, em relação às parcerias estabelecidas. Mas eu manifestei nosso desejo de nos aproximarmos mais dos Estados Unidos — declarou o ministro após se encontrar com a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.
— Deveríamos estar preocupados com a integração das Américas — acrescentou.
Ao comentar a relação do Brasil com a China, Haddad voltou a defender a ideia de Lula de se incrementar o uso de moedas locais em trocas comerciais, sem que seja preciso recorrer a uma terceira divisa - no caso, o dólar.
Questionado por jornalistas americanos se o Brasil tem alguma preocupação com a possibilidade de o governo americano dar um calote na dívida, Haddad negou.
— Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a questão da dívida será devidamente endereçada — destacou.
A tensão em torno da dívida americana se dá diante da dificuldade de Casa Branca e Congresso chegarem a um acordo sobre a elevação do teto da dívida.
Na véspera de sua participação no G-7 financeiro, Haddad afirmou que a "sintonia" do G-7 e do G-20 é importante para "a continuidade dos trabalhos". No ano que vem, o Brasil vai presidir o G-20.
Acordo Mercosul-Japão
Haddad relatou que os empresários japoneses com os quais se encontrou estão interessados na aprovação de um acordo comercial entre Mercosul e Japão.
— O acordo Mercosul-Japão está na ordem do dia para os empresários japoneses, que se interessam por esse acordo e querem que o governo japonês tenha um olhar interessado, particular para as exportações vindas do Brasil para cá — disse o ministro.
De acordo com o ministro, que destacou as relações históricas entre Brasil e Argentina, o encontro com os empresários japoneses também tratou da reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios brasileiro, de forma a fortalecer os investimentos vindos do país asiático.
— Falamos muito da reforma tributária, interessa demais aos investidores japoneses por uma série de problemas complexos que serão simplificados pela reforma, como também das exportações brasileiras ao Japão. Queremos manter a nossa quota-parte no mercado japonês — declarou Haddad.
Argentina
Haddad afirmou também que uma das pautas do presidente Lula em sua participação no G-7 da próxima semana é a situação econômica da Argentina. O Brasil tem mobilizado esforços no socorro à nação vizinha.
— Uma das razões pelas quais o presidente Lula está vindo ao G-7 é para tratar desse assunto. Para nós, é uma questão fundamental que esse problema seja endereçado. E o presidente Lula virá na próxima semana com a mesma preocupação, estou antecipando o que ele próprio, de viva-voz, vai trazer — disse o ministro.