Promotores da Suíça investigam se há crime na participação do governo no país na compra do Credit Suisse pelo concorrente UBS Group. A promotoria federal suíça contatou autoridades nacionais e locais para analisar e identificar eventuais delitos no âmbito do acordo, que envolveu o governo, o regulador financeiro (Finma) e o Banco Central da Suíça (SNB, na sigla em inglês).
"Diante da relevância dos eventos, o escritório da procuradoria-geral quer cumprir de modo proativo seu mandato e sua responsabilidade para contribuir para um centro financeiro suíço limpo", afirmou uma porta-voz do Ministério Público suíço.
Representantes do Credit, do UBS e do Ministério das Finanças da Suíça não quiseram comentar.
Reguladores suíços ajudaram na conclusão negócio há 15 dias, após uma fuga em massa de clientes do Credit Suisse devido a temores sobre sua saúde financeira. Membros do governo e reguladores disseram que a compra era a única opção. Deixar o Credit quebrar, segundo eles, levaria a uma crise financeira no país e, provavelmente, global.
O UBS está pagando mais de US$ 3 bilhões pelo Credit. Como incentivo, o governo suíço disse que proverá mais de US$ 9 bilhões para compensar perdas que o UBS possa ter de absorver no negócio. O banco central suíço ainda disponibilizou mais de US$ 200 bilhões em liquidez ao UBS, para ajudar a facilitar a transação.
Acionistas do Credit Suisse reclamaram por não terem direito de votar a fusão, enquanto os detentores de US$ 17 bilhões em bônus "additional tier 1" (AT1) do banco perderam seus ativos e afirmaram ter sido injustamente punidos na transação. Bônus AT1 são ativos que podem ficar sem valor quando um banco enfrenta problemas financeiros. Em geral, porém, os acionistas enfrentam perdas antes desses detentores de bônus.
O governo também é alvo de críticas por sua decisão de aprovar leis para facilitar o acordo, entre elas uma medida que facilitou o acordo sem o voto dos acionistas.