A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) espera um maior movimento de compras para a Páscoa neste final de semana, com expectativa de atingir 40% das vendas até domingo (2). Conforme o presidente Antônio Cesa Longo, a entidade está otimista, mas entende o momento atual da economia. Ele também nota um comportamento diferente até das crianças, que estão mais conscientes e procuram negociar com os pais.
— Em outras épocas, esperneavam e gritavam, e ganhavam o "Ovo Cala a Boca" (com menos chocolate e brinquedos). Hoje sabem negociar, dizendo: "pai compra para a mãe este, para a mana aquele, e compra para mim este" — analisa Longo.
O presidente da Agas observa que os clientes estão avaliando e pesquisando diante das muitas opções disponíveis nas gôndolas, principalmente os pequenos chocolates e caixas de bombons. Segundo ele, o consumidor está mais consciente de sua renda e necessidade, buscando marcas de qualidade com preços menores.
— A pessoa passa a cuidar o custo x benefício, o preço e o que o produto vai entregar. O consumidor cada vez mais ensinando o comércio a se reinventar — comenta.
O chocolate veio mais amargo neste ano no que se refere aos preços. Conforme Antônio Cesa Longo, isso se deve ao aumento de tributação no Estado. Ele afirma que os valores dos ovos subiram, em média 22%. Se não houvesse o reflexo do tributo, a estimativa dele era de uma elevação de 5%.
Para o presidente, foi um conjunto de fatores que provocou esse crescimento. O custo do frete, afetado pelo aumento do diesel, o valor das embalagens, o diferimento de 5% no ICMS e a saída da substituição tributária.
O impacto dos valores também é sentido no cenário nacional. Segundo levantamento divulgado pelo G1, quase um quinto (18,2%) dos brasileiros optou por não comprar ovos na Páscoa. Desse total, 81% afirmaram que o motivo é o alto preço dos produtos.
O cenário acompanha o movimento de alta inflacionária vista na cesta de bens e serviços relacionadas à Páscoa, segundo dados recentes divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A cesta está 8,1% mais cara do que o observado em 2022. Só os chocolates apresentam um avanço de quase 14% nos últimos 12 meses. A pesquisa ainda aponta que a maioria dos entrevistados (61,2%) deve direcionar, no máximo, R$ 100 para ovos de Páscoa neste ano.
A Associação Gaúcha de Supermercados espera vender 5 milhões de caixas de bombons e 1 milhão de ovos. A quantidade é a mesma registrada em 2022.
A dica para quem não faz questão de uma marca ou tipo específico, é buscar o comércio a partir da Quinta-feira Santa para tentar a sorte com as ofertas para compras de última hora.