O desemprego voltou a registrar queda no Rio Grande do Sul. A taxa de desocupação caiu para 6,3% no segundo trimestre deste ano. Esse indicador mostra o percentual de pessoas sem emprego dentro da força de trabalho. A população desocupada ficou em 387 mil pessoas no trimestre encerrado em junho, o que mostra retração de 16% nesse contingente em relação ao acumulado dos três primeiros meses do ano. Ante o segundo trimestre de 2021, a queda é de 27,4%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta sexta-feira (12).
Já a população ocupada fechou o período em 5,8 milhões de pessoas no Estado. Esse total mostra estabilidade em relação ao primeiro trimestre e alta de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, o nível de ocupação ficou em 60,8%, mantendo-se estável ante o trimestre anterior e alta de três pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2021.
Dentro da população ocupada, o total de trabalhadores com carteira assinada não mostra grande alteração na comparação com o primeiro trimestre do ano e em relação ao mesmo período do ano passado. Já os informais apresentaram aumento expressivo de 29% em relação ao segundo trimestre de 2021. Os trabalhadores por conta própria também registraram estabilidade na comparação entre os períodos, mas já ocupa cerca de 26% dentro do total com emprego.
O Coordenador da Pnad Contínua no Estado, Walter Rodrigues, afirma que esse movimento marcado por avanço maior entre informais é característico de momentos pós-crise. Após o choque causado pela pandemia na economia e no mercado de trabalho, essa modalidade é uma das principais alternativas para as pessoas que buscam renda, segundo o pesquisador:
— A gente está em uma época de saída de uma crise muito complicada. Tem muita insegurança no mercado de trabalho. É mais fácil criar postos de trabalho informais do que formais — observa Rodrigues.
O membro do IBGE destaca que a Pnad Contínua é um instrumento importante para mostrar o tamanho da participação dos informais dentro da população ocupada no país. Como esses trabalhadores não têm qualquer registro administrativo, estariam "invisíveis" sem pesquisas nesses moldes, segundo Rodrigues.
A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o avanço dos informais e dos que atuam por conta própria pode estar ligado a uma série de fatores, como idade avançada de parte dos trabalhadores, busca por renda maior e falta de qualificação para determinadas vagas.
— Há aqueles que têm a ideia de trabalhar por conta própria. E, muitas vezes, a informalidade é o primeiro passo para abrir o próprio negócio, como o caso de microempreendedores individuais (MEIs) — avalia Maria Carolina.
O rendimento médio real habitual de todos os trabalhos ficou em R$ 2.927 no Estado no segundo trimestre. O valor mostra pequeno recuo em relação ao primeiro trimestre, com menos R$ 16, na média. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando esse rendimento médio estava em R$ 3.073, o recuo é maior: 4,8%.
Cenário nacional
No país, a taxa de desemprego apresentou queda em 22 unidades da federação no segundo trimestre de 2022 ante o trimestre anterior. Outros cinco Estados registraram estabilidade, segundo o IBGE. Na comparação anual, contra o segundo trimestre de 2021, todas as 27 unidades da federação tiveram queda significativa da taxa de desocupação.
Em nível nacional, o levantamento também mostra que o país tinha 2,98 milhões de pessoas em situação de desemprego há pelo menos dois anos. Se considerados todos os que procuram emprego há pelo menos um ano, esse contingente em situação de desemprego de longa duração sobe a 4,21 milhões. A parcela que tentava uma oportunidade de trabalho há dois anos ou mais respondia por 29,6% do total de 10,01 milhões de pessoas que estavam desempregadas no segundo trimestre deste ano. Houve melhora em relação ao primeiro trimestre, quando essa população totalizava 3,46 milhões de pessoas. Ou seja, o montante atual conta com 478 mil pessoas a menos nessa situação.