Após um dia da decisão judicial de decreto de falência da Máquina de Vendas Brasil, controladora da rede varejista Ricardo Eletro, o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu na sexta-feira (10) o processo. A suspensão é válida até o julgamento do recurso em segunda instância, que ainda não tem data definida. As informações são do jornal O Globo.
A empresa argumentou que as dívidas foram adquiridas por uma baixa no estoque e que conta com um plano de recuperação econômica. Quando houve o decreto de falência, o grupo alegou que a Justiça tomou a decisão sem dar a oportunidade da parte envolvida prestar esclarecimentos sobre a origem das dívidas e como pretendia superá-las. O despacho que suspende a decisão judicial foi assinado pelo desembargador Mauricio Pessoa e cita que "o direito invocado não é tão relevante", como a empresa sustenta.
O desembargador esclareceu que a própria administradora judicial registrou que a situação do estoque das empresas indicava que houve o esvaziamento patrimonial e que isso traria prejuízos aos credores não sujeitos à recuperação judicial, o que motivou o decreto de falência. O magistrado ainda criticou a falta de clareza, transparência, rapidez e objetividade do grupo com relação aos esclarecimentos quanto às suas atividades operacionais.
Quando a Justiça entrou em contato com a empresa, o grupo solicitou o prazo suplementar de 15 dias para que conseguisse montar sua defesa. Passado o período, pediu mais uma quinzena, alegando que nos próximos dias seria concluída a operação que proporcionaria a captação dos recursos necessários ao cumprimento de suas obrigações com os credores.
O desembargador esclareceu que apesar da empresa ter conseguido reverter a decisão judicial, o grupo deverá cumprir com o que foi acordado. Em caso contrário, o negócio poderá sofrer com danos irreversíveis.
Dívida
A Máquina de Vendas Brasil tem uma dívida equivalente a R$ 4,6 bilhões. Por conta disso, a empresa está em recuperação judicial desde 2020. Em setembro do ano passado, foi aprovado o plano de recuperação que aguardava homologação da Justiça.
Em regime de recuperação judicial, a Ricardo Eletro fechou em 2020 todas suas lojas físicas e passou a vender os produtos somente pelo site. No mês passado, o grupo chegou a modificar seu logotipo pela primeira vez em 30 anos para marcar o atual momento do negócio, que passou a focar no marketplace.
Atualmente, a rede varejista tem cerca de três mil itens à venda no site e mais de 30 mil produtos estão previstos para inclusão no portfólio nos próximos meses. A expectativa para este ano é que o grupo consiga faturar cerca de R$ 100 milhões.