As denúncias reveladas pelo portal Metrópoles a respeito do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, resultaram na saída dele do comando do banco nesta quarta-feira (29). De acordo com o site, cinco mulheres relataram as abordagens inapropriadas do presidente do banco.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o jornalista Rodrigo Rangel, contou como foi trabalho de apuração da reportagem. Segundo ele, foi um trabalho de longo tempo, e somente após muita conversa com as vítimas, eles conseguiram com que elas falassem a respeito e levassem o caso para as autoridades. O MPF investiga o caso, que está sob sigilo.
Em um depoimento, uma funcionária do banco conta um episódio envolvendo Pedro Guimarães após um jantar com outros funcionários.
"Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal, de cueca samba-canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto.
"Me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada".
Em outro trecho, a vítima relata que Pedro Guimarães sempre pedia para abraçar, e que quando isso ocorria, a postura era sempre de importunação.
"Por exemplo, pedir para abraçar, pegar no pescoço, pegar na cintura, no quadril. Isso acontecia na frente de outras pessoas. E, às vezes, essas promessas eram no pé de ouvido e na frente de outras pessoas, mas de forma com que outras pessoas não ouvissem".
Ao jornal Folha de S.Paulo, outra vítima de assédio sexual declarou que era corriqueiro as ofensivas. Segundo a funcionária, acontecia "diante de todos, dentro e fora da instituição". O caso ainda não chegou às autoridades. Com receio de sofrer retaliação do comando do banco, a mulher pediu para ter sua identidade preservada.
— Aí quando fui sair, ele me puxou pelo pescoço e disse: ‘Estou com muita vontade de você’. Saí da sala, em choque e chorando. Depois, em outro momento, ele já passou a mão pela minha cintura e foi abaixando, mas saí antes que piorasse — disse.
Segundo a funcionária, Guimarães também tem hábito de dar "beliscões" em mulheres.
— As pessoas aceitam o abuso com medo da retaliação, do poder dele, isso é, perder a função. Ele te tira de uma posição de destaque, que você estudou e tem qualificação para estar lá, para te colocar numa função muito abaixo. Isso da noite para o dia, sem nenhum aviso — disse.
— Não falei antes com medo e vergonha, e agora me sinto culpada porque penso que se tivesse falado antes, outras mulheres não teriam passado pelo que passei, nem por situações piores — afirma.
Em outro relato, uma funcionária diz que o presidente do banco teria passado a mão em suas nádegas. Ainda conforme a Folha de S. Paulo, interlocutores no Palácio do Planalto dizem que a manutenção de Pedro Guimarães à frente da Caixa Econômica Federal se tornou insustentável.
O caso foi revelado pelo portal Metrópoles na terça-feira (28), que relata a existência de uma investigação no Ministério Público Federal.
De acordo com a colunista Ana Flor, comentarista da GloboNews, a diretoria Caixa Econômica Federal tinha conhecimento dos casos de assédio. Segundo Ana Flor, quem acobertava as denúncias era, muitas vezes, promovido. Por outro lado, quem não compactuava acabava deixando a instituição.