O magnata sul-africano Elon Musk adquiriu 9,2% das ações do Twitter, alavancando em mais de 20% o valor desta rede social na bolsa. O anúncio do negócio ocorreu nesta segunda-feira (4).
Fundador da companhia de carros elétricos Tesla e da empresa aeroespacial SpaceX — e considerado o homem mais rico do mundo —, Musk é um usuário assíduo do Twitter, onde publica, com frequência, mensagens controversas e tem sido um crítico das empresas de mídia social.
Em um tuíte recente, questionou o respeito do Twitter pela liberdade de expressão e sugeriu que lançaria uma plataforma própria.
Um documento apresentado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), na sigla em inglês, indica que Musk comprou quase 73,5 milhões de ações do Twitter, 9,2% do total da empresa. Com isso, passa a ser o maior acionista do grupo, à frente do fundo de investimentos Vanguard (8,8%) e do banco Morgan Stanley (8,4%), segundo dados da Bloomberg.
O investimento equivale a algo em torno de US$ 2,9 bilhões, no valor de fechamento do Twitter na última sexta-feira (1º).
— Podemos esperar que esta participação passiva (sem intenção de mudar o ritmo da empresa) seja o começo de discussões mais amplas com o conselho/administração do Twitter, o que poderia levar a uma compra ativa e a uma posição potencialmente mais agressiva na propriedade do Twitter — disseram os analistas Daniel Ives e John Katsingris, da Wedbush.
Procurado pela AFP, o Twitter não emitiu uma posição.
Usuário de Twitter
Em 25 de março, Musk fez uma pesquisa no Twitter, na qual perguntou: "Liberdade de expressão é essencial para o funcionamento da democracia. Você acha que o Twitter adere rigorosamente a esse princípio?".
Mais de 70% dos 2 milhões de usuários que votaram responderam "não".
"Dado que o Twitter serve como uma arena pública de fato, não aderir a princípios fundamentais mina a democracia. O que deve ser feito?", questionou ele outro dia. "É necessária uma nova plataforma?", insistiu.
"Compre o Twitter" foi uma das primeiras respostas de dezenas de milhares de usuários.
Musk já usou pesquisas do Twitter para fazer negócios. Em novembro do ano passado, por exemplo, vendeu US$ 5 bilhões em ações da Tesla, depois de perguntar aos seguidores nas redes sociais se deveria vender 10% de sua participação.
Em 2018, publicou um tuíte, no qual, sem provas, dizia ter fundos suficientes para tirar a Tesla da Bolsa. Esta mensagem disparou o valor das ações da empresa, mas a SEC disse que o comentário no Twitter era "falso e enganoso".
Mais tarde, Musk admitiu que qualquer tuíte capaz de mover o valor das ações da Tesla seria examinado por advogados, como parte de um acordo que exigia que ele pagasse US$ 20 milhões para resolver um caso de fraude apresentado pela SEC.
No início de março, Musk pediu a um juiz de Nova York que revertesse o acordo sobre seus tuítes alcançado com os reguladores do mercado de ações.
O magnata também gera polêmica no Twitter. Em março, desafiou o presidente russo, Vladimir Putin, a um "duelo" pela invasão da Ucrânia e, em fevereiro, apagou uma postagem, no qual comparou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, a Adolf Hitler.