Os números do varejo no Rio Grande do Sul fecharam o mês de setembro em queda, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quinta-feira (11), mas, mesmo assim, o setor acredita que o momento é de melhora. O acumulado no ano segue positivo, com alta de 3,1% no volume de vendas, e a perspectiva por datas quentes para o comércio pela frente, como a Black Friday e o Natal, animam.
Com a inflação de dois dígitos diminuindo o poder de compra dos consumidores, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva, acredita que as pessoas terão de fazer escolhas sobre o que vão comprar. Mas considera que o Natal este ano tem uma particularidade:
– O Natal será da presença e do presente, porque no ano passado as pessoas ainda não podiam se reunir. Não tinham motivo para presentear nem a si mesmos. Agora, com o reencontro, as pessoas vão fazer escolhas por produtos do comércio – avalia Piva.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, avalia que o fim de ano terá um comportamento de vendas muito relacionado ao tipo de consumo que o comércio atende.
– Para as rendas mais altas, será um Natal ainda melhor que o do ano passado. Mas para as famílias de rendas menores, há um orçamento muito comprimido e isso vai pressionar – exemplifica Patrícia.
Segundo a economista, há uma posição mais cautelosa ao consumir. Isso porque a conjuntura acaba afetando a confiança dos compradores. Além disso, com o orçamento corroído, as pessoas dedicam os gastos aos serviços.
De acordo com o presidente da CDL, nos últimos dias houve “melhora significativa” no comércio de roupas e também de calçados. Apesar dos dados negativos em setembro revelados pelo IBGE, a situação sentida agora, em novembro, já é melhor do que naquele mês.
– A Black Friday e Natal são duas datas importantes e o varejo vai oferecer situações diferenciadas. Muitas empresas estão com estoque ainda remanescente do ano passado e vão aproveitar as datas para fazer grandes ofertas – projeta Piva.
Patrícia Palermo alerta que há uma explicação para os números distintos divulgados pelo IBGE – de queda na margem e de alta no ano.
– Reforça o que a gente já imaginava. Uma deterioração recente por inflação alta e crédito mais caro e um acumulado maior por uma base de comparação muito baixa – diz Patrícia.