A taxa de desocupação no Rio Grande do Sul caiu no segundo trimestre de 2021, ficando em 8,8%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre anterior, a taxa foi de 9,2%. São 514 mil desocupados no Estado.
Conforme o IBGE, trata-se da segunda menor taxa de desemprego do Brasil, atrás apenas de Santa Catarina (5,8%). No país, o índice ficou em 14,1% no segundo trimestre.
Apesar de mostrar que a retomada vem tomando forma, o mercado de trabalho gaúcho ainda está longe da recuperação completa. Principalmente porque a base de comparação com o ano passado é muito depreciada em função dos impactos mais severos da pandemia de covid-19.
— Os dados vão mostrando que há recuperação, mas que tem ainda muito caminho a percorrer. Se compararmos com o mesmo trimestre de 2019, vemos que o tamanho da força de trabalho (pessoas ocupadas ou procurando trabalho), ainda está 4,9% abaixo. Já o nível de pessoas ocupadas está 5,6% abaixo de 2019 — analisa a economista da Fecomércio-RS, Giovana Menegotto.
Na comparação entre os dois primeiros trimestres de 2021, houve aumento de 126 mil na população gaúcha ocupada — são 5,3 milhões no total. Segundo Walter Rodrigues, coordenador da pesquisa do IBGE no Estado, há uma questão de sazonalidade no dado, já que o padrão do mercado de trabalho é ir melhorando ao longo do ano, ainda que se possa somar nessa conta algum efeito da pandemia:
— Na medida que diminuem as restrições de deslocamento, é natural que a atividade econômica tenha uma melhora, refletindo em emprego.
Rodrigues ainda chama atenção para o contingente de subocupados, ou seja, pessoas que trabalham menos de 40 horas, mas que gostariam de trabalhar mais e estariam disponíveis para isso. São 304 mil gaúchos nessa condição (eram 281 mil no período anterior). Normalmente, são as pessoas que estão fazendo "bico" para complementar a renda.
Um dos motivos é que, apesar de os dados indicarem mais gente trabalhando e menos gente desempregada no Estado, o rendimento médio mensal teve redução de 5,2% no trimestre frente ao anterior — passando de R$ 2.930 para R$ 2.777. Isso ocorre porque a recomposição do mercado de trabalho inicia justamente com as ocupações que têm rendimentos menores, observa Giovana.
Além disso, dos 126 mil novos ocupados, houve aumento no trimestre de 32 mil trabalhadores por conta própria (são 1,4 milhão ao todo). A maioria neste grupo é sem registro de CNPJ, ou seja, informal. A taxa de informalidade no Estado chegou a 31,7%, abrangendo 1,7 milhão de trabalhadores. No trimestre anterior, a taxa era de 31%.
O comércio foi o setor que mais aumentou em termos de quantidade de pessoas. Foram 60 mil trabalhadores a mais ante ao trimestre anterior e 103 mil se comparado com o mesmo trimestre de 2020. Já em termos percentuais, o destaque foi da construção, com alta de 11,9% em relação ao período anterior e mais 35 mil pessoas, seguido da agricultura, com alta de 7,4% e mais 49 mil pessoas.
A pesquisa ainda mostra que houve redução da força de trabalho potencial. A queda foi de 20,7% sobre o trimestre anterior, o que significa menos 68 mil pessoas que gostariam de trabalhar, mas não estão procurando. A população fora da força de trabalho somou 4 milhões, caindo 2,9%. Essa parcela inclui pessoas que não estão ocupadas nem desocupadas, como quem perdeu emprego e não voltou a buscar oportunidades.
Já o percentual de desalentados no Rio Grande do Sul, que são as pessoas que deixaram de buscar emprego porque não têm esperança de encontrar, é de 1,3%, somando 75 mil pessoas.