A gigante de hidrocarbonetos Royal Dutch Shell revelou, nesta quinta-feira (11), os detalhes de seu plano para se tornar neutra em carbono até 2050, que incluirá investimentos de US$ 5 a US$ 6 bilhões por ano em novas energias.
Esses gastos serão direcionados à produção de energias renováveis, à fabricação de biocombustíveis ou mesmo a pontos de recarga de veículos elétricos, de acordo com um comunicado à imprensa.
A Shell já havia revelado as linhas gerais de suas ambições energéticas, mas ainda não tinha dado muitos detalhes, o que acabou alimentando as dúvidas, em particular das ONGs, sobre a seriedade de seus objetivos.
O grupo, como todo o setor, enfrenta grandes convulsões, que levaram as grandes empresas a revisar com urgência seu modelo de negócio sob pressão da sociedade civil devido à crise climática e em um mercado de petróleo atormentado pela queda da demanda com a pandemia de coronavírus.
A Shell revelou, em particular, um cronograma para sua redução nas emissões de CO2, na ordem de 6 a 8% até 2023, 20% até 2030, 45% até 2035 e 100% até 2050. Não abandonará, porém, sua produção de petróleo e gás, de onde retira a maior parte das suas receitas e que deve permitir financiar a sua transição energética.
Em particular, o grupo planeja investir US$ 8 bilhões por ano na exploração e produção de hidrocarbonetos. Mas vai reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e prevê uma queda de 1 a 2% de sua produção de petróleo a cada ano, o que deve continuar liberando caixa durante os anos 2030.
A Shell especifica que o pico de sua produção de petróleo foi atingido em 2019, ou seja, antes da pandemia de coronavírus desferir um duro golpe ao mercado de petróleo. E acrescenta que as emissões de carbono atingiram seu máximo em 2018 e, portanto, agora diminuirão significativamente.
— Estamos acelerando nossa estratégia para reduzir as emissões de carbono e criar valor para nossos acionistas, clientes e sociedade em geral — garantiu o CEO da companhia, Ben van Beurden.
O grupo já havia mimado seus acionistas durante a apresentação de seus resultados de 2020 na semana passada, ao anunciar um aumento de seus dividendos no primeiro trimestre de 2021.
A Shell, que sofreu um prejuízo de US$ 21,7 bilhões em 2020, implementou durante a pandemia uma profunda reestruturação, com muitos cortes de empregos, que deve permitir que se mantenha lucrativa com preços mais baixos e cumprir seu objetivo de "tornar mais verde" suas atividades.