O ministro da Economia, Paulo Guedes, atacou duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e cobrou que projetos e reformas sejam pautados na casa.
Guedes começou pedindo que Maia paute o projeto de independência do Banco Central já aprovado pelo Senado. Segundo ele, a aprovação do texto é importante para impedir que a alta temporária dos preços se transforme em uma inflação permanente.
"Estamos esperando o presidente da Câmara pautar o BC independente. Nada obsta isso, tem baixo custo político. O Senado já fez a sua parte e a pauta está pronta para ser votada na Câmara", afirmou, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.
Bolo
Guedes reclamou que Maia tem criticado a Economia e se referiu à declaração do presidente da Câmara esta semana de que faria um bolo de aniversário sobre o não envio da PEC Federativa. "Como ele (Maia) tem feito cobranças públicas, vamos conversar publicamente sobre isso. O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele (Maia). A PEC emergencial está há um ano no congresso e não foi votada. É muito fácil disfarçar desentendimentos políticos jogando a culpa para quem já fez a sua parte. Nós já fizemos a nossa", completou.
O ministro lembrou que o senador Marcio Bittar já recebeu uma versão enxuta da PEC Emergencial. O senador declarou hoje que só irá apresentar o relatório do texto, desidratado, em 2021. "Bittar falou que a conturbação está tão grande que preferiu jogar para frente", admitiu Guedes.
Ainda em críticas a Maia, o ministro voltou a reclamar da suposta interdição do presidente da Câmara aos debates da reforma tributária e das privatizações. "Na tributária, houve interdição de um imposto particular. Da mesma forma que as privatizações, que ele está cobrando hoje. Ele (Maia) tem um acordo com a esquerda de impedir as privatizações", repetiu. "Na tributária, temos dificuldade de avançar sim. Se não consigo receber nem relatório que foi feito teoricamente pelo relator. O governo eleito é de liberais e conservadores; não adianta fazer aliança para elevar imposto", reclamou.
Guedes ainda citou a paralisia na discussão da reforma administrativa, que também estaria travada na Câmara. "Eu pergunto, qual é a prioridade? O controle de despesas, a reforma administrativa, estão travados na Câmara", acrescentou.
Guedes voltou a avaliar que há uma disfuncionalidade política que tem que ser resolvida pelos parlamentares. "Não quero ser pretexto para disputa política, não me meto na política. Mas não posso ficar aceitando falsas narrativas. É completamente insensato, quase desonesto, cobrar coisas já entregues", continuou. "Mas certamente avançaremos com ajuda do presidente da Câmara", concluiu.