Idealizada ainda no final dos anos 1990, a reforma do aeroporto regional Lauro Kurtz, de Passo Fundo, enfim sairá do papel. Após o Ministério da Infraestrutura dar sinal verde para o início das obras nesta semana, o governo do Rio Grande do Sul estima que as intervenções no terminal da região Norte começarão na primeira quinzena de novembro. O projeto, que tem como objetivo ampliar a capacidade operacional da estrutura, deverá ser concluído até o final de 2021.
As intervenções custarão em torno de R$ 45 milhões, com R$ 43,2 milhões garantidos por meio de verba federal do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). O restante corresponde à contrapartida do governo estadual. Aeronaves maiores e em maior número poderão operar simultaneamente no terminal.
Engenheiro do Departamento Aeroportuário (DAP) do Rio Grande do Sul, Leandro Taborda diz que o pátio para as aeronaves será ampliado de 4 mil para 16 mil metros quadrados e um novo terminal de passageiros será erguido com 2 mil metros quadrados. O atual tem 300 metros quadrados. Além disso, a pista do aeroporto será totalmente recuperada.
A reforma irá começar justamente pelo local de pousos e decolagens. O governo do Estado deverá alinhar nos próximos dias com as duas empresas que operam voos no terminal a data de início dos trabalhos, já que durante o procedimento será necessário interromper o transporte de passageiros por 120 dias.
No momento, apenas a Gol está operando voos em Passo Fundo com destino a Guarulhos (SP). A Azul interrompeu temporariamente a conexão que tinha com Campinas (SP).
— A pista chegou a um ponto em que está muito deteriorada. Todo o pavimento será recuperado nesses 120 dias, o que dará uma nova vida útil de, pelo menos, 20 anos — aponta Taborda.
A licitação que definiu a empresa responsável por executar as obras foi realizada pelo governo de José Ivo Sartori ainda em 2018. No ano seguinte, já com Eduardo Leite no Palácio Piratini, discordâncias da empresa com pontos do edital e exigências da Secretaria de Aviação Civil acabaram emperrando a iniciativa.
— Os recursos quase foram perdidos, mas readequamos o projeto e isso consumiu praticamente um ano de debate junto à empresa — afirma Juvir Costella, secretário estadual de Logística e Transportes.
Impacto
Com a nova estrutura, o município do norte gaúcho poderá receber aviões maiores, com capacidade para aproximadamente 150 passageiros. Hoje, o transporte é realizado em modelos com limite de cerca de 130 pessoas. Também é esperada a ampliação da frequência de voos, já que até cinco aeronaves poderão utilizar simultaneamente a estrutura.
Secretário de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo desde 2013, Carlos Eduardo da Silva recorda que a reforma do aeroporto era uma das prioridades do município nos últimos anos. Em 2019, usaram o terminal 166 mil passageiros. A expectativa é que o fluxo chegue a 300 mil pessoas ao ano até 2030, consolidando o aeroporto como o maior do Interior, superando o de Caxias do Sul.
— A reformulação poderá ajudar Passo Fundo a receber investimentos e vai alavancar os negócios das empresas da região — complementa Silva.
A implementação de novos voos, além dos dois atualmente oferecidos, depende das empresas que operam no terminal. No entanto, o presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio (Acisa) de Passo Fundo, Evandro Silva, acredita que há demanda suficiente para aumentar a oferta de voos.
— O primeiro passo seria ampliar a quantidade de voos diários a São Paulo, com mais alternativas de horários — avalia o dirigente da Acisa.
Além das empresas de Passo Fundo, na visão de Silva, o terminal também deverá ser mais utilizado por passageiros de municípios vizinhos, como Marau, Carazinho e Não-Me-Toque, principalmente para viagens de negócios.