RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O IBGE anunciou nesta terça-feira (28) que adiou a divulgação da Pnad Contínua, que calcula a taxa oficial de desemprego no país. A data inicial para publicação dos dados de junho era esta quarta-feira (29), mas foi transferida para a semana que vem, no dia 6 de agosto.
A pesquisa vem sendo realizada por telefone desde 17 de março por conta da pandemia da Covid-19, já que os pesquisadores estavam com dificuldade de ir a campo pelo distanciamento social.
Segundo o instituto, o desenho da amostra da pesquisa introduz a cada mês um número de domicílios que nunca foram visitados anteriormente, portanto, os números de telefones destes domicílios não foram levantados pelo IBGE.
"Como as visitas domiciliares foram suspensas desde março, tem sido um desafio realizar a coleta por telefone em todos os domicílios seguindo o cronograma original", disse o IBGE, em nota.
O instituto informou que segue estudando alternativas para a manutenção da Pnad Contínua.
"Há uma dificuldade em ter essa coleta. A coordenadora foi orientada a entrar em contato com as unidades estaduais e prorrogando a divulgação até que a coleta esteja razoável", afirmou Cimar Azeredo, coordenador do IBGE.
Mesmo com a prorrogação da Pnad, o IBGE chegou a apenas 57,6% de taxa de resposta dos entrevistados em junho. Antes da pandemia, quando a coleta era feita presencialmente, a média era de cerca de 90%. Normalmente, cerca de 70 mil domicílios são ouvidos por mês.
Cimar Azeredo apontou que o IBGE perdeu alguns funcionários temporários que tiveram seu contrato encerrado neste último mês e agora está tentando melhorar a pesquisa por cartas, motoboys, e outras iniciativas com as secretarias municipais.
"Estamos tendo dificuldade de fazer a pesquisa. Precisamos que as pessoas respondam o IBGE. O pano de fundo é essa pandemia, não sabemos o que vai ser. As pessoas vão aguentar responder a pesquisa por mais alguns meses?", questionou o coordenador.
Na divulgação de maio, a Pnad mostrou que, no trimestre encerrado naquele mês, a pandemia da Covid-19 destruiu 7,8 milhões de postos de trabalho no Brasil. Isso fez com que a população ocupada tivesse caído 8,3% na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro, indo para 85,9 milhões de pessoas.
Também foi a primeira vez na história da Pnad Contínua que menos da metade das pessoas em idade para trabalhar estava empregada. Isso nunca havia ocorrido antes na pesquisa, que teve início em 2012. Dentre os postos de trabalho perdidos, 5,8 milhões foram de empregos informais.
Diante desse cenário, o desemprego alcançou 12,9% no trimestre encerrado em maio, acima dos 11,6% registrados até fevereiro.