BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta terça-feira (16), que os embates entre os poderes são o "ruído de uma democracia vibrante".
"Eu não compartilho do pessimismo de quem olha para isso e teme o caos, acha que o Brasil vai se incendiar a qualquer momento, o meu acompanhamento da história brasileira é outro, meu acompanhamento é que a democracia está cada vez mais robusta e mais flexível", disse em evento virtual do IGP (Instituto de Garantias Penais).
"Ela [a democracia] tinha viajado todo espectro para esquerda até a extrema-esquerda, agora viajou pelo espectro da centro-direita e está indo até a direita mais extrema. Tem a capacidade de absorver os choques, os ruídos são naturais", completou.
O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é marcado por embates com os poderes Legislativo e Judiciário, que se agravaram após o início da pandemia do novo coronavírus.
"Eu prefiro o ruído da democracia ao silêncio de uma ditadura. Você não sabe o que está acontecendo hoje na Coreia do Norte, quantas vítimas do coronavírus tem lá", argumentou.
No Brasil, a divulgação de dados sobre a evolução da Covid-19 é alvo de desconfiança. O governo ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar os números totais de casos e mortes e divulgou informações conflitantes.
No evento, o ministro elogiou a atuação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli e criticou a atuação dos tribunais de conta estaduais.
"TCEs aprovam contas sem usar os mesmos critérios que o TCU [Tribunal de Contas da União] usa para a União", condenou.
Além disso, ele reforçou a importância da continuidade da agenda de reformas econômicas.
"O Brasil vai surpreender e atravessar as duas [ondas], o congresso está conversando e vamos prosseguir com as reformas", declarou.
Guedes defendeu ainda a reforma tributária e a aprovação do pacto federativo.
"Se fizermos a reforma tributária de forma adequada, vão desaparecendo aqueles lobbies pela desoneração de um lado e aqueles contenciosos, que podem chegar a R$ 1 trilhão, do outro lado, que na verdade oneram o verdadeiro pagador de impostos", destacou.
Em seu ponto de vista, o modelo tributário atual onera excessivamente apenas um terço dos contribuintes.
"O contribuinte acaba tendo que pagar muito mais porque um terço está desonerado [por influência política] e o outro terço não paga porque prefere ir para a Justiça, fica só aquele um terço final de bons pagadores e pessoas sérias que acabam se sacrificando pagando impostos exorbitantes para não ter também os serviços de contrapartida", ponderou.
Ele defendeu o que chamou de "passaporte tributário", em que o contribuinte pagaria um valor mais baixo para quitar seus débitos fiscais. "Eu deixo você entrar nesse regime novo mediante um pequeno acerto de contas do passado [...] temos que oferecer uma chance a quem quiser comprar esse passaporte a um preço moderado, baixo", explicou.
Segundo ele, a retomada econômica após a crise deve começar até novembro. "Vejo um futuro brilhante porque é muito difícil a gente piorar, nosso viés cultural já nos botou num buraco, então nós vamos ter que melhorar", concluiu.