O Tesouro Nacional estima que o déficit do setor público consolidado, que inclui Estados e municípios, vai se aproximar de R$ 400 bilhões neste ano se consideradas as medidas econômicas de mitigação da crise causada pela pandemia de coronavírus e a queda prevista na arrecadação. Considerando apenas o governo central (que reúne Tesouro, Banco Central e Previdência), o rombo previsto está ao redor de R$ 350 bilhões.
"Ao que tudo indica, pelo conjunto de medidas já anunciadas e de perda de arrecadação que poderá ser ainda maior do que aquela já projetada no primeiro relatório bimestral, o déficit primário do Governo Central, em 2020, poderá alcançar ou superar a cifra de R$ 350 bilhões", afirma o Tesouro.
O órgão demonstra preocupação em relação aos riscos provocados pela expansão de gastos do governo e defende que essas despesas não sejam prolongadas para além de 2020.
"Enquanto a expansão da despesa para combater os efeitos da crise do coronavírus ficar restrito a programas temporários, ou seja, despesas que começam e terminam neste ano, não deverá haver problemas para a retomada do ajuste fiscal estrutural", diz em nota.
De acordo com o Tesouro, os próximos três meses terão maior concentração de crescimento dos gastos públicos, com a implementação de programas como o auxílio de R$ 600 a informais, a antecipação de benefícios a aposentados e trabalhadores e o reforço no programa Bolsa Família.
A meta de resultado primário para este ano foi estabelecida em R$ 124,1 bilhões de déficit. Após a decretação de estado de calamidade pública, porém, o governo não precisará respeitar esse resultado.
Os comentários foram feitos pelo Tesouro em nota sobre o resultado de fevereiro, que ainda não reflete os efeitos das medidas tomadas em meio à pandemia. As contas do governo central registraram um déficit de R$ 25,9 bilhões em fevereiro. O dado é o pior para o mês em três anos.
Diante da chegada do vírus ao país e do agravamento da crise, o governo federal anunciou, a partir de março, ações que vão gerar impacto aos cofres públicos.