O desemprego no Brasil aumentou no trimestre encerrado em fevereiro, o último antes de a pandemia de coronavírus se espalhar pelo país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (31).
O primeiro caso da covid-19 em solo brasileiro foi confirmado no dia 26 de fevereiro. Já no dia 30 de março, eram 4.579 casos, com 159 óbitos.
Durante a pandemia e o período de isolamento social, o IBGE está coletando os dados da Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) somente por telefone, seguindo as orientações do Ministério da Saúde.
Os dados da PNAD de fevereiro mostram que o desemprego atingia 12,3 milhões de pessoas, subindo para 11,6%. No trimestre terminado em novembro, eram 11,2%.
O aumento interrompeu dois trimestres seguidos de quedas significativas na taxa de desemprego, de acordo com o IBGE. O instituto, porém, destacou que é normal que, no início do ano, ocorra essa interrupção, porque o fim do ano já mostrava uma trajetória de taxas declinantes.
Apesar do aumento na comparação com o trimestre anterior, a taxa de desocupação continuou em queda quando analisada junto ao trimestre encerrado um ano antes, em fevereiro de 2019, quando marcou 12,4%. O aumento foi puxado pelos setores de construção, administração pública e serviços domésticos, e não pelo comércio, que tradicionalmente costuma demitir no começo do ano os temporários contratados para o Natal.
No caso da construção, o setor não sustentou o movimento de recuperação que vinha apresentando no fim do ano passado. O serviço doméstico, por sua vez, está muito ligado ao período de férias das famílias, com as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam, interrompendo a demanda por esse serviço, segundo o IBGE.
A taxa de informalidade caiu de 41,1% para 40,6% na comparação com o trimestre anterior. Porém, ainda representa um total de 38 milhões de informais no Brasil. De acordo com o IBGE, a queda nos informais se deu devido à redução de contingentes de trabalhadores por conta própria sem CNPJ e também de trabalhadores empregados sem carteira.
A queda na informalidade teve como reflexo o aumento no rendimento, que subiu para R$ 2.375, alta de 1,8% na comparação com o trimestre anterior e 3,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Isso não foi visto nas PNADs anteriores, quando o número de trabalhadores informais vinha em crescimento.