SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após a polêmica sobre o número de vendas de Natal em shoppings, a Abrasce, associação do setor, divulgou nesta quinta-feira (30) que o comércio cresceu 3,1%, em valores nominais, e 2,5%, com o desconto da inflação em relação à mesma data do ano anterior.
O cálculo compreende de 20 a 24 de dezembro. A taxa é muito inferior à divulgada pela Alshop, associação de lojistas de shoppings, que no fim de 2019 divulgou um crescimento nominal de 9,5%.
Os números não têm a mesma base de comparação porque a Alshop diz ter considerado o período até 20 de dezembro. Levando em conta o mês de dezembro fechado, a Abrasce considera o valor nominal de 5,5%.
A Alshop ainda não divulgou seu valor real de vendas e, depois de ter os dados contestados pela Ablos, associação de lojistas satélite, disse que o valor de 9,5% se tratava de uma estimativa.
Em dezembro, a Alshop mencionou a estimativa da Abrasce ao divulgar seus números.
Glauco Humai, presidente da Abrasce, afirmou nesta quinta que não há troca técnica de números entre as duas entidades, apenas conversas sobre estimativas.
"Não trocamos nenhum dado técnico com a Alshop. Estávamos conversando sobre o resultado do ano e eu falei que a expectativa do Natal era de 7%", afirmou em encontro a jornalistas.
Já o faturamento de shoppings cresceu 3,4% em termos reais em 2019, segundo a Abrasce. O crescimento nominal foi de 7,9%, superando a expectativa de 7% da associação.
Humai atribui o resultado ao crescimento de vendas em todas as datas comemorativas, à queda de juros e à leve retomada da economia.
As vendas acumuladas foram de R$ 192,8 bilhões no ano.
O número de lojas aumentou 1% de 2018 a 2019, com 5 mil inaugurações. A ocupação, segundo a Abrasce, ficou em 95,2%. Durante a recessão, a taxa chegou a 93%.
Foram inaugurados 11 empreendimentos em todas as regiões, com exceção do Norte. São 577 shoppings hoje no Brasil.
Para 2020, a expectativa é de crescimento de 7%, com a previsão de inauguração de 19 shoppings, o maior número desde 2014.
"Consideramos crescimento do PIB de 2,3%, inflação abaixo de 4%, Selic entre 4,25% e 4,5% e manutenção da grande oferta de crédito", afirmou Humai.
O setor já leva em conta um possível impacto nos negócios com a epidemia do coronavírus na China. "Se a economia da mola motriz [China] cair 2%, basicamente todo comércio internacional pode ser afetado. Vai impactar o turismo e a renda", diz.